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Menos abono de Natal surpreende trabalhadores

ef10 de dezembro de 2003

Os contracheques de muitos trabalhadores na Alemanha trouxeram uma surpresa desagradável neste fim de ano. Em baixa conjuntura, setores inteiros diminuíram o valor do abono de Natal e outros simplesmente não pagaram.

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Papai Noel menos generoso este anoFoto: AP

A maior parte dos trabalhadores na Alemanha recebe um ou dois pagamentos adicionais ao seu salário por ano. A parte paga no meio do ano se chama abono de férias (Urlaubsgeld) e a do fim do ano, normalmente paga na primeira quinzena de dezembro, é chamada de abono de Natal (Weihnachtsgeld).

Ambos abonos fazem parte de acordos coletivos de trabalho negociados entre empregadores e sindicatos ou são pagos voluntariamente. Os recursos são alocados nos orçamentos de muitas repartições públicas e empresas privadas. Por isso, a falta de pagamento ou a redução do abono de Natal surpreendeu muita gente.

O choque que milhões de trabalhadores tiveram quando viram o seu contracheque de dezembro foi previsto pelo jornal econômico Handelsblatt, com base numa pesquisa sobre abono de Natal que fizera junto a 225 empresas na Alemanha. A montadora de veículos Opel, por exemplo, respondeu que só iria pagar o equivalente a 70% do valor dos salários de seus empregados. O banco Hypovereinbank queria eliminar totalmente o abono que pagava em bases voluntárias.

Exceções previstas

- Em princípio, só podem reduzir o valor do abono os empregadores que o pagavam voluntariamente, sem que ele estivesse no acordo coletivo de salário e condições de trabalho. Acontece que muitos acordos coletivos de trabalho contêm cláusulas que abrem exceções isoladas, permitindo diminuição do valor do abono, sob determinadas condições.

Mas isto não é uma regra geral para todo o país, segundo Reinhard Buspink, do Instituto de Ciências Econômicas e Sociais da Fundação Hans-Böckler. Além do mais, as cláusulas de exceção não podem ser usadas por decisão própria das empresas, mas por meio de negociações com o conselho de funcionários. De forma que o abono de Natal permanece relativamente seguro na Alemanha, na opinião de Buspink.

Escala de zero a 100%

- Existem diferenças consideráveis de setor para setor no valor dos pagamentos de Natal negociados com os sindicatos. O perito Hagen Lesch, do Instituto Alemão de Economia, ligado ao empresariado, faz uma escala que vai de zero a cem: existem setores que pagam um salário completo, como os dos bancários, turismo e das indústrias de doces e confeitaria, exatamente o ramo que mais faturam no período natalino. Outros setores pagam menos. Nas indústrias metalúrgicas e eletrônicas, por exemplo, são 55% na região ocidental e 50% na oriental. A construção civil no Leste não está pagando abono de Natal nenhum e no Oeste ele foi reduzido a 55%.

O serviço público situa-se no meio da escala de Lesch, pagando em média 84% do abono de Natal no Oeste e 63% no Leste. Mas aí se tem que considerar que este setor também paga o abono de férias, que não existe em setores inteiros, como os bancos, por exemplo. Outras categorias de empregados, como as das indústrias metalúrgicas e eletrônicas também pagam meio salário mensal como abono de férias.

Os empregados das indústrias de papel e impressão estão passando ao largo da crise neste Natal, pois continuam contando com o pagamento de 95% de um salário, nas duas regiões alemãs. O mesmo acontece com os trabalhadores das indústrias químicas do Oeste, enquanto os seus colegas do Leste contam com apenas 65%.

No setor da construção civil, uma cláusula abre exceção para acordo por empresa para reduzir o abono de Natal à base de 780 euros, o que significa 600 euros menos para um trabalhador especializado. Para se entender isto melhor, Reinhard Bispink aconselha que se leve em consideração que abono de Natal não é um presente que cai do céu por engano: ele faz parte de orçamento planejado e, quando é eliminado ou reduzido pela metade, é porque a situação financeira da empresa ou do setor está realmente muito grave.