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Escudo defensivo na Polônia

(ds/av)16 de março de 2007

Os EUA não querem que o estacionamento de mísseis antibalísticos no Leste Europeu se torne um projeto da Otan. A premiê alemã aproveita a viagem à Polônia para defender o diálogo com a Otan e a Rússia.

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Angela Merkel (e) e o premiê polonês, Jaroslaw KaczynskiFoto: AP

Um tema polêmico domina a pauta da visita da chanceler federal alemã, Angela Merkel, à Polônia: o escudo defensivo dos Estados Unidos no Leste Europeu. Nos próximos cinco anos, Washington pretende estacionar dez mísseis antibalísticos na Polônia, assim como um sistema de radar na República Tcheca. O Reino Unido e a Dinamarca negociam com os Estados Unidos a participação no projeto e a Ucrânia também poderá ser incluída.

Desconfiando da Otan

Maria Wagrowska, do Centro de Relações Internacionais de Varsóvia, explica o interesse da Polônia no projeto estadunidense: seu país não confia na prontidão da Otan para defendê-lo.

"A Polônia quer ter uma garantia adicional, além da filiação à Organização do Tratado do Atlântico Norte, de que poderá contar com a ajuda norte-americana, em caso de ameaça."

O ponto de vista difundido entre os poloneses é: tendo um importante componente seu de defesa estacionado em solo polonês, os EUA também terão que interferir em prol da segurança da Polônia.

Nova corrida armamentista

Raketenabwehrrakete startet von der USS Lake Erie Interceptor missile being launched from USS Lake Erie, Honolulu, Hawaii, video still
Lançamento de míssil interceptor dos EUA em HonoluluFoto: AP

Os países envolvidos sublinham que o sistema não se dirige, absolutamente, contra o arsenal russo, mas sim contra o Irã. Contudo, os planos vêm causando considerável celeuma em Moscou.

Robert Gard, especialista em defesa antimísseis de Washington, compreende o que está em jogo. "Asseguramos aos russos que não ampliaríamos a Otan, e agora estamos praticamente às suas portas. Os russos se sentem ameaçados."

Embora ainda nem se saiba como o sistema funcionará, os custos políticos do projeto são altos. Há muito já começou uma nova corrida armamentista, admite o ex-general.

Defendendo-se de perigos inexistentes

A resistência na Alemanha é grande, tanto dentro da coalizão de governo como nos três grandes partidos de oposição.

"Isto se deve ao fato de que os sistemas de armas iranianos, contra os quais se estaria supostamente defendendo, não existem, em absoluto. E a probabilidade de que existirão é mínima", sintetiza a vice-líder de bancada do Partido Social Democrata (SPD), Angelica Schwall-Düren.

Em sua opinião, na qualidade de presidente do G8 e do Conselho da União Européia, a Alemanha deveria se empenhar para que a cooperação com a Rússia não se torne mais difícil.

Um problema europeu

Porém outros países da União Européia estão igualmente irritados pelo fato de a Polônia e a República Tcheca modificarem a arquitetura de segurança do continente, sem entendimento prévio.

O ministro luxemburguês das Relações Exteriores, Jean Asselborn, classificou os planos de "incompreensíveis". O presidente da França, Jacques Chirac, advertiu para uma "cisão da Europa".

"É importantíssimo os europeus, como um todo, se ocuparem da questão, para que a Polônia não perceba os esforços da Alemanha como uma tentativa de se imiscuir em seus assuntos nacionais", ressalva a deputada Schwall-Düren. Além disso, Berlim também deveria dirigir suas exigências aos EUA.

Acertos bilaterais não bastam

No contexto de tais controvérsias, Angela Merkel declarou, em Varsóvia, nesta sexta-feira (16/03): "A Europa nunca pode permitir que a dividam". De outra forma, não há como garantir seu abastecimento e segurança.

Tal se aplica, em especial, a "nosso aliado, os EUA, e a nosso grande vizinho, a Rússia", reforçou. A chefe de governo quer também deixar claro aos poloneses que acertos bilaterais não bastam, no caso de um projeto armamentista deste alcance.

Como declarara, antes da viagem: "Nós – e isso eu direi na Polônia – preferimos uma solução dentro da Otan, assim como uma conversa aberta com a Rússia sobre o assunto".

Proteção para toda a Europa

Generalleutnant Henry Obering, Direktor der amerikanischen "Missile Defense Agency" informiert bei einem Pressefruehstueck in Berlin am Donnerstag, 15. Maerz 2007, Medienvertreter ueber seine Gespraec
Tenente-general Henry OberingFoto: AP

Entretanto, tudo indica que os EUA estão pouco dispostos a ouvir as vozes céticas dentro da Otan. Nesta quinta-feira o tenente-general norte-americano Henry Obering apresentou em Berlim o escudo defensivo.

Por um lado, ele admitiu continuar as consultas com os parceiros da aliança transatlântica; por outro, acentuou que os EUA não vão abrir mão do controle sobre o projeto.

O militar assegurou que há um ano a Otan já estava incluída nos projetos. Segundo ele, o escudo antimísseis protegeria toda a Europa de eventuais ataques por parte do Irã.