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Metade dos refugiados da Síria são crianças, diz ONU

18 de janeiro de 2013

Ao menos 60 mil pessoas já morreram no conflito sírio e mais da metade dos quase 650 mil refugiados é composta por crianças. Nações Unidas pedem que União Europeia acolha mais refugiados, mas europeus hesitam.

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Foto: Olivier Voisin/AFP/Getty Images

Segundo estimativas das Nações Unidas, a situação na Síria está cada vez mais dramática. "A situação é catastrófica e está ficando cada vez pior", afirmou o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários.

"Quatro milhões de pessoas estão expostas a constante violência e violações dos direitos humanos, inclusive à violência sexual. A falta de alimentos, cuidados médicos, abrigo e aquecimento durante o duro inverno exige o seu tributo", afirmou o escritório da ONU, coordenado por Valerie Amos.

Até agora, ao menos 60 mil pessoas morreram nos conflitos na Síria, segundo estimativas da organização. Bairros inteiros estariam despovoados e destruídos. "Pessoas simples pagam o preço pelo fracasso da comunidade internacional em encontrar uma solução para a crise". A ONU informou que estaria fornecendo alimentos a 1,5 milhão de pessoas. "Mas há cada vez mais refugiados, e nós não podemos manter o ritmo", disse Amos.

Mais da metade dos 642 mil refugiados que escaparam do conflito na Síria para países vizinhos é composta por crianças, e o número de pessoas em fuga poderá dobrar até junho, informou um alto funcionário da ONU nesta quinta-feira (17/01).

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Refugiados sírios atravessam diariamente a fronteira para outros paísesFoto: AFP/Getty Images

Crise de crianças refugiadas

Panos Moumtzis, coordenador regional para a Síria do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), disse que existem planos para atender a 4 milhões de necessitados na Síria – 2 milhões de desabrigados e 2 milhões que precisam de ajuda em suas casas – e também até 1,1 milhão de refugiados. "Estamos falando em ajudar um quarto da população da Síria", afirmou Moumtzis.

Em conferência de doadores a ser realizada no Kuwait, no dia 30 de janeiro, as Nações Unidas esperam levantar 1,5 bilhão de dólares para financiar a assistência à Síria. Moumtzis informou que 55 organizações, inclusive 12 agências da ONU, estão atualmente trabalhando para mitigar os efeitos da crise.

Turquia, Líbano, Jordânia, Iraque e Egito foram inundados com dezenas de milhares de refugiados. Moumtzis disse que 30% desses refugiados estariam abrigados em campos, o resto estaria vivendo em vilarejos e cidades. "Os refugiados atravessam as fronteiras noite e dia", disse.

"Mais da metade deles é formada por crianças. Esta é uma crise de crianças refugiadas. É de partir o coração quando se veem estas crianças chegando e particularmente o que se vê nos dias seguintes", disse o coordenador do Acnur.

Refugiados com status especial

A pedido do alto comissário da ONU para refugiados, António Guterres, os ministros do Interior dos países-membros da União Europeia (UE) se encontraram nesta quinta-feira em Dublin para discutir o acolhimento de novos refugiados sírios no bloco europeu. Guterres pediu aos ministros europeus do Interior que recebam 500 refugiados que gozam de um status especial de proteção, como crianças gravemente feridas, por exemplo.

Antonio Guterres UNO-Flüchtlingskommissar
Guterres pediu a europeus que recebam novos refugiadosFoto: picture-alliance/dpa

"O Sr. Guterres pediu aos Estados-membros para receber um pequeno grupo dos mais fracos", disse a comissária europeia do Interior, Cecilia Malmström. Ela apoiou o pedido e disse: "Espero que, apesar da crise econômica, os Estados-membros deem prova de sua generosidade."

Repercussão moderada

Segundo dados do Eurostat, órgão de estatísticas da UE, até outubro de 2012, cerca de 23,5 mil sírios pediram asilo na União Europeia. A Alemanha que, juntamente com a Suécia, recebeu a maioria dos requerentes de asilo sírios entre os países do bloco europeu (quase dois terços) exige agora mais ação dos parceiros.

O ministro alemão do Interior, Hans-Peter Friedrich, disse em Dublin: "Eu acredito que somos um exemplo em termos de acolhimento de refugiados, e só se pode apelar para que os outros também façam o mesmo".

A onda de refugiados da Síria coloca a Europa sob pressão. Segundo o comissário Guterres, é importante que "todos os países europeus reconheçam a situação de emergência dos refugiados sírios". No encontro em Dublin, Guterres exigiu que "as fronteiras da Europa continuem abertas" para os sírios que procuram refugio no continente.

No entanto, diplomatas europeus disseram que muitos Estados da UE têm reservas. A resposta ao pedido manteve-se moderada, e decisões não foram tomadas no encontro informal de ministros europeus em Dublin.

CA/rtr/dpa
Revisão: Francis França