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Metalúrgicos testam nova tática de greve

(ns)6 de maio de 2002

"Greve flexível" é a última palavra de ordem na luta dos metalúrgicos para dar maior ênfase à sua reivindicação, após aumentos considerados "magros" nos últimos anos.

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Piquete de greve diante da sede da Porsche, em StuttgartFoto: AP

O Sindicato dos Metalúrgicos da Alemanha (IG Metall)mostrou que não está para brincadeiras: a greve por aumento salarial de 6,5% começou nesta segunda feira (06) em Baden-Württenberg. Trata-se da primeira greve dos metalúrgicos nos últimos sete anos no país e nos últimos 18 nesse estado, em que as montadoras DaimlerChrysler e Porsche têm importantes fábricas.

Mais de 50 mil funcionários de 20 empresas suspenderam o trabalho por várias horas. Se na fábrica da Mercedes-Benz em Sindelfingen a paralisação já começou no turno da noite de domingo, na manhã desta segunda-feira foi a vez da Porsche.

Blecaute

- Diante do portão da fábrica dos cobiçados carros esportivos de luxo, em Stuttgart-Zuffenhausen, o presidente do IG Metall, Klaus Zwickel, disse que o sindicato está determinado a levar adiante a greve até que se chegue a um resultado aceitável. Ao mesmo tempo, ele advertiu os empresários a não recorrem ao locaute (fechamento de fábricas), o que só iria endurecer e prolongar o conflito salarial. Os empregadores ofereceram aumento de 3,3% e um abono único de 190 euros. Zwickel anunciou que a greve certamente será estendida aos estados de Berlim e Brandemburgo.

A nova tática de greve

O Sindicato dos Metalúrgicos recorre a uma nova tática, batizada de Flexistreik (greve flexível): não haverá greve geral e sim local, que pode se limitar a algumas empresas, por algumas horas ou turnos e sem anúncio prévio.

Os sindicalistas esperam, com essa tática de guerrilha aplicada à luta trabalhista, evitar os temidos locautes e, ao mesmo tempo, não esvaziar os cofres do IG Metall, que pagará a seus filiados uma importância pelas horas de greve. Quem ganha, por exemplo, 2300 euros por mês, receberia 65 euros por dia de greve.

Essa forma de luta poderá atrapalhar consideravelmente a produção principalmente nas grandes montadoras. No primeiro dia de greve o alvo foi justamente a indústria automobilística.

Sociólogos como Reinhard Bahnmüller, do Instituto de Pesquisa sobre Trabalho, Técnica e Cultura, em Tübingen, dizem que, com a nova tática, o conflito pode se estender por muito tempo. "Mas os empregadores não ficarão observando as greves passivamente", diz. O problema que ele vê na greve flexível é mais de organização e coordenação para o sindicato, pois em várias empresas pré-determinadas os operários terão que estar de prontidão, caso a sua fábrica seja escolhida.

Tanto os sindicalistas como os representantes dos empregadores sinalizaram disposição a novas negociações, o que só deverá acontecer após os primeiros dias de greve. No entanto, as 47 rodadas de negociações salariais em todo o país, nos meses que antecederam a greve, dão uma idéia das dificuldades de entendimento.