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Milhares de chilenos saem às ruas para pressionar Bachelet por reformas

23 de março de 2014

Há menos de duas semanas como presidente, Michelle Bachelet enfrenta sua primeira manifestação, convocada por mais de 40 organizações sociais. Segundo a polícia, mais de 25 mil saíram às ruas de Santiago e Valparaíso.

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Foto: Reuters

Numa “Marcha de todas as marchas”, milhares de chilenos saíram às ruas de Santiago neste sábado (22/03) para pressionar o governo de Michelle Bachelet a cumprir o ambicioso programa de reformas econômicas e sociais anunciado durante a campanha eleitoral. A socialista assumiu a presidência do Chile há cerca de duas semanas.

Os protestos, que segundo seus organizadores reuniram mais de 100 mil pessoas no centro da capital, contaram com a participação de 40 organizações sociais, ambientalistas a defensores dos direitos à diversidade sexual e grupos indígenas. A polícia, por sua vez, calculou a participação em 25 mil pessoas.

Esta é a primeira manifestação em massa que Bachelet enfrenta, desde que assumiu seu segundo mandato presidencial, em 11 de março. Entre outras reivindicações, pressiona-se por uma nova Constituição: a atual data da ditadura de Augusto Pinochet, na década de 1980.

"Consideramos que a nova Constituição por meio de uma Assembleia Constituinte pode solucionar os problemas de toda a diversidade de organizações que existe em nosso país", afirmou Oscar Rementería, porta-voz do Movimento de Integração e Libertação Homossexual (Movilh). "Não é uma manifestação contra ou a favor de Bachelet, é somente um chamado de atenção à classe política, para que saiba que existem demandas dos cidadãos."

A marcha não contou com a participação das organizações de estudantes universitários, professores e trabalhadores. Nos últimos anos, estes convocaram os protestos mais massivos das últimas décadas no país. Os estudantes decidiram não aderir, neste momento em que participam da discussão do projeto de reforma educacional, a ser apresentado pelo governo ao Congresso.

Para financiar as mudanças na educação e torná-la gratuita, o governo se comprometeu a enviar ao Congresso, no final de março, um projeto de reforma tributária elevando a arrecadação fiscal em cerca de 8,2 bilhões de dólares. A proposta prevê um aumento gradual do imposto pago pelas empresas, atuais dos 20% para 25%.

Obstáculos no Congresso

Pôr em prática o que pretende não será tarefa fácil para a chefe de Estado chilena. Mesmo com uma base governista de 67 deputados e 21 senadores – contra 49 e 16 oposicionistas, respectivamente –, Bachelet terá que negociar a aprovação de parte de seu programa de campanha com a oposição.

Michelle Bachelet wird die neue Präsidentin Chiles
Michelle Bachelet tomou posse em 11 de março, em seu segundo mandato de presidenteFoto: picture-alliance/dpa

A presidente não deverá ter problemas para aprovar a reforma tributária, que precisa de 61 votos na Câmara e 20 no Senado. Porém, para a reforma da Educação (69 deputados e 22 senadores) e para a reforma constitucional (80 deputados e 25 senadores), Bachelet terá que garantir o apoio da futura base governista e de deputados independentes e senadores simpáticos às causas.

Enquanto tenta aprovar os projetos, a presidente estará sobre constante pressão. Por um lado, os estudantes prometem não descansar até que as medidas sejam implementadas, principalmente a educação gratuita. Por outro, os oposicionistas deverão tentar barrar a aprovação das promessas de Bachelet e fazer de tudo para enfraquecer o governo de centro-esquerda.

Michelle Bachelet, que já governou o Chile de 200 a 2010, assumiu com a promessa de uma maior inclusão social, num país que apresenta uma economia sólida, mas que possui a pior taxa de distribuição de renda entre os 34 sócios da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). No país, a renda dos 10% mais ricos é 27 vezes superior à dos 10% mais pobres.

FC/rtr/dpa