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Adeus a Enke

15 de novembro de 2009

Cerca de 35 mil pessoas compareceram ao estádio de futebol do Hannover para dar o último adeus ao goleiro Robert Enke, num dos maiores funerais já realizados na Alemanha.

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A viúva de Enke (à esquerda), junto ao caixão do jogadorFoto: AP

Cerca de 35 mil pessoas compareceram neste domingo (15/11) ao AWD-Arena, estádio de futebol do Hannover, para dar o último adeus a Robert Enke, goleiro do clube e da seleção da Alemanha.

Um dos maiores funerais já realizados no país, contou com discursos do governador do estado da Baixa Saxônia, Christian Wulff, e do presidente da Federação Alemã de Futebol (DFB, na sigla em alemão), Theo Zwanziger.

Compareceram à cerimônia os jogadores do Hannover, da seleção alemã de futebol, representantes de diversos clubes alemães e estrangeiros, além da viúva do atleta, Teresa. Enke sofria há anos de depressão. Ele morreu na noite da última terça-feira, aos 32 anos, após se jogar diante de um trem.

O enterro de Enke foi realizado na tarde do domingo, numa cerimônia reservada a parentes e amigos próximos, no cemitério de Empede, cidade onde residia, nos arredores de Hannover. Ele foi sepultado ao lado de sua filha Lara, morta em 2006 com apenas 2 anos de idade.

No ato público, o caixão do jogador foi disposto no círculo central do campo de futebol e cercado de coroas de flores brancas. Muitos torcedores do Hannover, clube no qual Enke jogava, compareceram vestidos de negro e portando cachecóis com as cores do time.

Impotência

Num discurso emocionado, Zwanziger apelou para que as fraquezas e instabilidades dos seres humanos não sejam ignoradas, mesmo no mundo do esporte. "O futebol não deve ser tudo", disse, acrescentando que a morte de Enke propicia uma reflexão sobre a dignidade e a diversidade dos seres humanos, "não apenas nos seus pontos fortes, mas também nos pontos fracos".

O presidente do Hannover 96, Martin Kind, classificou o goleiro como uma personalidade extraordinária. "Robert, você foi o número um, no sentido literal da palavra", afirmou, num discurso de fortes tons pessoais. O dirigente se queixou do sentimento de impotência diante da tragédia pessoal do atleta. "Essa questão dolorosa não nos sai mais da cabeça. Como tudo isso pôde acontecer?", indagou.

Flash-Galerie Robert Enke Trauerfeier
Cerca de 35 mil pessoas foram a um dos maiores funerais da história da AlemanhaFoto: AP

"A morte de Robert Enke abalou o país", disse Wulff, visivelmente emocionado. Ele classificou o goleiro como um craque "quieto e humilde" e lamentou pelo alto nível de cobranças que ele possivelmente teve que suportar em sua carreira. As cobranças por desempenho são extremas, segundo Wulff, não só no esporte, como também em outras profissões. "Não precisamos de robôs infalíveis, e sim de seres humanos com todas as suas qualidades e defeitos", ressaltou.

Medo do fracasso

Muitos estabelecimentos no centro de Hannover foram decorados com retratos de Enke e artigos relacionados ao time do Hannover. Em diversos locais da região, os sistemas de som tocavam músicas como Candle in the wind (Elton John) e Time to say goodbye (Andrea Bocelli). Centenas de velas queimam há dias diante da sede do Hannover.

Em entrevista à revista Der Spiegel, Dirk Enke, pai do jogador, atribuiu a depressão de seu filho a fatores externos. "Acho que não era uma doença que vinha de dentro e sim originada de circunstâncias da vida", declarou Dirk Enke, ele mesmo um psicoterapeuta.

Ele acha o mal já se desenvolvia no filho desde a adolescência e não somente a partir de 2003, quando Enke viveu os piores momentos de sua carreira. "O medo de fracassar teve um papel muito importante", afirmou.

De acordo com ele, Robert Enke pulou diversas vezes para classes mais avançadas na escola e tinha frequentemente medo de não conseguir corresponder às expectativas. Segundo o pai do jogador, Enke sofreu em especial com a morte da filha, Lara, que nascera com um problema cardíaco, há quase três anos.

MD/dpa/epd/rtrd/sid
Revisão: Alexandre Schossler

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