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Ministra não exclui sabotagem no escândalo do trigo contaminado

(ns)31 de maio de 2002

Uma firma forneceu trigo contaminado com o agrotóxico cancerígeno Nitrofen a 107 propriedades agrícolas de cultivo biológico. Com isso, assustou os consumidores e desacreditou a agricultura alternativa.

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Ministra Renate KuenastFoto: AP

Depois da crise da "vaca louca" e da febre aftosa, a Alemanha está às voltas com um escândalo no setor de alimentos, que causa mais insegurança ainda entre os consumidores, por afetar os produtos biológicos, cuja produção se considerava sadia e garantida. Na quarta-feira, detectou-se pela primeira vez a substância cancerígena Nitrofen em ovos e carne de aves no Estado de Meckelmburgo-Pomerânia Ocidental. Antes disso, ela fora encontrada em trigo usado em ração animal, distribuído principalmente a fazendas que usam métodos de cultivo e criação biológicos.

Frangos e ovos contaminados

- Até a noite desta quinta-feira (30), os laboratórios constataram o agrotóxico em dez de 21 amostras de ovos e carne de frango. Os valores excediam 250 vezes o máximo permitido por lei. "Assim ficou provado o uso de ração contaminada em três das cinco propriedades agrícolas interditadas", disse o secretário da Agricultura, Till Backhaus. As cinco propriedades, com um total de 220 mil aves, estão interditadas e acredita-se que pelo menos uma parte terá que ser abatida.

Na Baixa Saxônia também foram encontrados alimentos contaminados com Nitrofen. De acordo com a Secretaria da Agricultura de Hanôver, a ração não foi empregada apenas em avícolas, como também na criação de gado, porcos e nas fazendas de produção leiteira. Responsável pelo escândalo é a firma GS Agri. Ela forneceu 550 toneladas de trigo contaminado a 107 propriedades agrícolas que se dedicam ao cultivo biológico. Os representantes da empresa desmentem que tenham fornecido o trigo cientes de sua contaminação.

Hipótese de sabotagem para desacreditar a agricultura alternativa

Para a ministra da Agricultura e Defesa do Consumidor, Renate Künast, do Partido Verde, não se pode excluir uma sabotagem para desacreditar a agricultura biológica. Não se sabe exatamente como o agrotóxico foi parar na ração. As investigações se estendem a várias partes do país, envolvendo várias repartições e laboratórios. "A Promotoria ainda terá muito trabalho pela frente", disse a ministra, decidida a esclarecer o escândalo até o final.

Os partidos de oposição ao governo federal exigiram a renúncia da política. Künast não quer saber disso e anunciou que irá examinar a necessidade de mudar as leis sobre segurança na produção de gêneros alimentícios. O objetivo seria tornar obrigatório a comunicação às autoridades de qualquer substância perigosa ou nociva encontrada em alimentos. Os exames iniciais, no caso, foram realizados por um dos fazendeiros.

O que ainda não se sabe é se o trigo contaminado também não teria sido distribuído a fazendas de agropecuária tradicional. Em reação ao escândalo, a República Tcheca e a Eslovênia suspenderam a importação de aves da Alemanha.