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Miolo traz vinho brasileiro à Alemanha

Roselaine Wandscheer2 de março de 2004

Pela primeira vez, um vinho brasileiro participa da feira do vinho ProWein, em Düsseldorf. Sommelier alemão e gerente de exportação da Vinícola Miolo falam à DW-WORLD sobre as perspectivas do vinho brasileiro.

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À espera da degustaçãoFoto: Vinicola Miolo, Brasilien

A medalha de ouro no Grande Prêmio Internacional Mundus Vini, concedida em 2003 ao Terranova Cabernet Sauvignon Shiraz (safra 2001), abriu as portas do mercado alemão à Vinícola Miolo, através da importadora Cabrera. O Mundus Vini destaca-se pela grande quantidade de conhecedores internacionais que participaram do seu júri. No ano passado, foram 131, de 33 países.

Os vinhos da Miolo são representados na feira, e conseqüentemente na Alemanha, pela Cabrera, empresa do oeste alemão, especializada em vinhos sul-americanos. Entre os vinhos brasileiros degustados no estande da Cabrera, o alemão Axel Biesler destacou o premiado Cabernet Sauvignon Shiraz, produzido pela Terranova, a subsidiária baiana da vinícola gaúcha. O sommelier do restaurante Fischer, de Colônia, não conhecia vinhos brasileiros, mas mostrou-se surpreso: "Um vinho muito bem feito, majestoso, simpático, não pesa no paladar, com um sabor final de cassis e que, ao contrário de muitos australianos, tem sabor de quero mais um gole." Apesar do baixo consumo per capita de vinho no Brasil, a alta tecnologia usada na produção — e a conseqüente melhora na qualidade do vinho —, é a estratégia certa para ingressar no mercado europeu, opina o conhecedor. Outra vantagem dos brasileiros é que a colheita se dá meio ano antes da dos europeus.Por isso, as vinícolas podem apresentar um "pré-primeur". Estratégias de conquista do mercado Segundo Biesler, o maior concorrente do Brasil no difícil mercado alemão é o Leste Europeu. Para levar a melhor, ele faz duas sugestões à vinícola gaúcha. Não baixar o preço de seus produtos e criar uma identidade própria, isto é, especializar-se num determinado tipo de uva e vinho, a exemplo dos chilenos, argentinos e uruguaios. Os vizinhos do Brasil apostaram nessa estratégia e hoje são identificados no exterior pelo Malbec, Carmenere ou Tanat, respectivamente. Um exemplo difícil de ser seguido pela Miolo, explica Carlos Nogueira, gerente de marketing e de exportação da vinícola. Além da produção na serra gaúcha, a Miolo tem ainda os vinhedos e a fábrica na Bahia (Miolo Terranova) e em Bagé, na fronteira como Uruguai (Fortaleza do Seival). As castas ali cultivadas atendem às peculiaridades de cada uma das regiões. A Miolo pretende conquistar o mercado alemão a partir da colocação do produto em locais selecionados, seja em restaurantes ou locais onde os enólogos se encontram, e só num segundo passo atingir diretamente o consumidor. "Nossa estratégia de forma nenhuma é o preço baixo", garante Nogueira. O Reserva, por exempo, é vendido pela Cabrera a cerca de 10 euros a garrafa, um preço acima da média de mercado. Paladar brasileiro e europeu Na Europa, a Miolo tem ainda representação na Suíça, onde se destacam as vendas de seu Reserva, e na República Tcheca, na qual o Terranova tem boa aceitação, segundo Nogueira. Embora os hábitos do consumidor brasileiro sejam diferentes dos do europeu, que prefere vinhos encorpados, Nogueira vem observando que os vinhos bem vendidos no Brasil também são apreciados na Europa. A feira do vinho ProWein, em Düsseldorf, no oeste alemão, é aberta a apenas representantes do setor, com 2700 expositores de 38 países. Pela sua tradição vinícola, os mais representados são a França, Itália e Espanha. Como a produção alemã atende a apenas metade do consumo, 50% do vinho consumido no país vem do exterior. O consumo médio anual per capita é de 24,3 litros de vinho e espumantes.