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História

Morre aos 96 anos o "contador de Auschwitz"

12 de março de 2018

Ex-membro da tropa de elite nazista, Oskar Gröning foi condenado a quatro anos de prisão por cumplicidade no massacre de 300 mil pessoas no campo de extermínio de Auschwitz. Mas chegou a ir para cadeia.

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Deutschland Oskar Gröning Prozess
Oskar Gröning trabalhou dois anos em AuschwitzFoto: picture-alliance/dpa/R. Hartmann

Oskar Gröning, ex-membro da Waffen-SS (tropa de elite nazista) e conhecido como "contador de Auschwitz", morreu aos 96 anos, informou nesta segunda-feira (12/03) a imprensa alemã.

A morte foi confirmada à revista Spiegel por um porta-voz da promotoria de Hannover, responsável pelo caso, após receber uma notificação do advogado de Gröning. Segundo o porta-voz, o alemão morreu na sexta-feira passada no hospital, mas a causa da morte não foi detalhada.

Gröning foi condenado em 2015 pelo Tribunal Regional da cidade de Lüneburg a quatro anos de prisão, por cumplicidade no massacre de 300 mil pessoas no campo de extermínio nazista de Auschwitz. Ele serviu no local em 1942 e 1943, durante a ocupação nazista na Polônia.

A defesa de Gröning chegou a entrar com um recurso pedindo que seu cliente não cumprisse a pena, sob o argumento de que ele não estava em condições de ir à prisão dada a idade avançada e seu estado de saúde. Em dezembro passado, o Tribunal Constitucional alemão, sediado em Karlsruhe, rejeitou o recurso.

Semanas mais tarde, em janeiro, a promotoria de Lüneburg negou, desta vez, um pedido de clemência feito por Gröning. Ele recorreu, então, à secretária de Justiça da Baixa Saxônia, Barbara Havliza – tratava-se da última possibilidade do nonagenário para tentar evitar a prisão. Uma decisão seria tomada nesta semana.

Trabalho no campo de extermínio

Durante os dois anos em que trabalhou em Auschwitz, Gröning confessou ter reunido dinheiro de pessoas presas pelo regime e enviado para Berlim. Sua função era administrar dinheiro, joias e outros objetos de valor dos deportados – o que lhe valeu o apelido de "contador de Auschwitz", dado pela mídia alemã.

Gröning também cuidava da bagagem dos prisioneiros, quando estes chegavam ao campo de concentração. "Nosso objetivo era evitar roubos", afirmou, certa vez, o nonagenário. "Não tínhamos nada a ver com a vigilância de prisioneiros."

Ele foi acusado pela promotoria de ter ocultado indícios de assassinato em massa ao ajudar a dar sumiço à bagagem dos prisioneiros. O órgão também o acusou de, como contador, separar o dinheiro e objetos de valor das vítimas, encaminhando-os, mais tarde, para Berlim, mesmo sabendo que Auschwitz servia para o assassinato em massa durante o Holocausto.

Apesar de afirmar que as mortes no campo de extermínio não tinham relação com sua área de trabalho, Gröning admitiu durante o processo ter "culpa moral" pelos assassinatos. Ele expressou seu arrependimento e pediu perdão aos sobreviventes e familiares das vítimas.

O processo contra o ex-membro da SS foi destaque entre os julgamentos tardios de criminosos de regime nazista. Eles foram iniciados após o precedente aberto pelo caso do ucraniano John Demjanjuk, condenado em 2011 a cinco anos de prisão por cumplicidade nas mortes do campo de extermínio de Sobibor, na Polônia ocupada.

EK/ots/dw

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