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Mulher de Mauro Cid admite uso de dados falsos de vacinação

20 de maio de 2023

Gabriela Cid prestou depoimento à PF no âmbito do inquérito que apura suposta inclusão de dados falsos de imunização no Ministério da Saúde. Ela culpa o marido, ex-braço direito de Bolsonaro, pela fraude.

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A imagem mostra um frasco de uma vacina contra covid-19 e uma seringa sendo introduzida para retirar o líquido.
Fraude visava assegurar ingresso de investigados nos EUA, burlando exigências sanitárias das autoridades americanasFoto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Em depoimento à Polícia Federal (PF) nesta sexta-feira (19/05) em Brasília, Gabriela Santiago Cid, esposa do então ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid, admitiu que utilizou um certificado falso de vacinação contra a covid-19. E culpou o marido pela fraude, segundo informações publicadas na imprensa brasileira.

Gabriela prestou depoimento porque é investigada no inquérito que apura um suposto esquema de inclusão de dados falsos de vacinação no sistema do Ministério da Saúde.

Um cartão de vacinação contra a covid em nome de Gabriela Cid foi encontrado na residência dela e do marido, em Brasília, no mesmo dia em que ele foi preso – ela também foi alvo de mandado de busca e apreensão, mas não foi detida.

Gabriela não soube dizer se outras carteiras de vacinação, além da que pertence à ela, foram adulteradas. E nem qual foi a participação do ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros, apontado como operador das fraudes nos cartões de vacina em Duque de Caxias (RJ) e que, assim como Cid, também foi preso no dia 3 de maio.

A fraude teria sido executada por Mauro Cid quando era ajudante de ordens de Bolsonaro e consistia em incluir dados falsos sobre vacinação de Bolsonaro e da filha dele, além do próprio Cid, de Gabriela e das três filhas do casal.

Nesta quinta-feira, Cid prestou depoimento à PF, mas permaneceu o tempo todo em silêncio.

Depoimento de Bolsonaro

Na terça-feira, Jair Bolsonaro prestou depoimento à PF no âmbito do mesmo inquérito. A suspeita é de que o ex-presidente e membros de seu círculo familiar e pessoal teriam se beneficiado de um esquema de inserção de dados fraudulentos nos sistemas do Ministério da Saúde para obtenção de cartões vacinais.

A iniciativa visava assegurar a entrada dos investigados nos Estados Unidos, burlando exigências sanitárias das autoridades americanas.

Em seu depoimento, Bolsonaro negou ter pedido a inserção de dados falsos em sua carteira de vacinação e na da filha. Ele também afirmou que o ex-ajudante de ordens da Presidência, seu ex-braço direito, nunca comentou com ele sobre certificados de vacina.

O ex-presidente alegou ainda que só soube do caso quando revelado pela imprensa. O depoimento de Bolsonaro durou mais de três horas, com o ex-presidente respondendo a cerca de 60 perguntas.

Bolsonaro disse que não sabe mexer no ConecteSUS e que Mauro Cid era quem gerenciava sua conta no aplicativo. Ele afirmou que, se foram feitas alterações no sistema do Ministério da Saúde, elas ocorreram "à sua revelia, sem qualquer conhecimento ou orientação". Ele disse ainda não acreditar que seu ex-auxiliar tenha arquitetado a ação criminosa.

No depoimento, Bolsonaro destacou também que sempre afirmou que não tomou vacina contra covid-19 e, por isso, não tinha motivos para emitir certificados pelo sistema do ministério. O ex-presidente também alegou que sua filha entrou nos EUA como não vacinada e que não sabe quem gerencia as contas no ConecteSUS.

gb/as (ots)