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Museu de Berlim apresenta festival de filmes brasileiros

Carlos Ladeira24 de junho de 2002

O festival "Brasil, país cinematográfico" ("Filmland Brasilien") está sendo promovido num ambiente inusitado: o Museu de Etnologia de Berlim.

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Os índios brasileiros são tema da exposição e do festival de cinema em BerlimFoto: AP

Dentro deste contexto, estão sendo apresentados em Berlim filmes de temática etnológica, como Era uma Vez Brasil (de Helena Tessara), Uirá, um Índio em Busca de Deus (de Geraldo Morais), No Rio Amazonas, nos Rastros dos Pesquisadores Alemães (de Ricardo Dias), Tristes Trópicos (de Arthur Omar), assim como O Cineasta na Selva (de Aurélio Michiles), entre outros.

Além de tais filmes etnológicos, o público também pode assistir a produções clássicas do Cinema Novo brasileiro, como São Bernardo, Memórias do Cárcere, Iracema, O Auto da Compadecida, Memórias Póstumas de Brás Cubas, O Estorvo, Cruz e Souza e outros, num total de 12 produções baseadas em textos literários brasileiros.

Outros destaques são os filmes Quase Nada, de Sérgio Resende, que se baseia em textos de Máximo Gorki, Jorge Luís Borges e Guimarães Rosa, e Crede-mi, filme experimental, baseados em obra de Thomas Mann. Do programa constam ainda as produções Sertão das Memórias (de José Araújo), Um Certo Dorival Caymi (Aluizio Dicher), Vila Lobos (Zelito Viana) e Uma Casa Muito Engraçada (Toshies Nishio), inspirada na canção de Vinícius de Moraes.

Reflexo da história social

Wolfgang Davis, diretor do festival e responsável pelo departamento cinematográfico do Museu de Etnologia de Berlim, explica o sentido do festival: "O Brasil tem uma cultura ampla e variada, que abrange o florescimento cultural, descobertas, sofrimentos de índios e escravos, simultaneamente com movimentos de libertação, política de boa vizinhança entre os nativos e os colonizadores, manifestações, protestos e inquietudes sociais, que duram até hoje.

Desigualdades sociais, lutas pelos direitos da cidadania, enfim, tudo isto juntado com a fantasia e criatividade incansável do povo brasileiro, faz do Brasil algo único, que nós, depois de intenso trabalho junto com o Instituto Cultural Brasileiro na Alemanha, conseguimos reunir através de filmes, neste festival inédito."

No festival Filmland Brasilien está sendo feita também uma homenagem a Humberto Mauro, o grande pioneiro do cinema no Brasil. Em Berlim, já foi apresentado o filme Brasa Dormida, de 1928, e no domingo (23), o público assistiu a Descobrimento do Brasil, também de 1928.

Wolfgang Davis: "O atual festival é não somente uma abrangente retrospectiva do cinema brasileiro, mas também uma espécie de 'papel carbono' etnológico de toda a história do Brasil." O filme O Rap do Pequeno Príncipe, de Paulo Caldas, é um citado por Davis como exemplo de reflexo da história social brasileira no cinema nacional. Segundo ele, a película é uma metáfora de como é possível superar o caos e os problemas, através da confiança no futuro.