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Museu Vitra oferece um passeio pela história e tendências do design

Soraia Vilela15 de maio de 2013

A coleção de aproximadamente seis mil objetos do Museu de Design Vitra é uma retrospectiva de épocas, temas e protagonistas do design industrial moderno desde seus primórdios até os dias de hoje.

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Foto: Vitra Design Museum/Th. Dix

A trajetória do design moderno é longa e multifacetada. O Museu de Design Vitra, localizado em Weil am Rhein, no sudoeste alemão, dedica-se a rastrear as diversas tendências e escolas de design da história, como a Bauhaus, o De Stijl, o design escandinavo e o italiano, o design sustentável ou experimental.

A coleção permanente do museu é, entre outros, composta de 100 masterpieces – peças antológicas da história do design. Além disso, o museu disponibiliza em seu site as biografias dos autores dessas obras. O acervo do Museu Vitra comporta uma das maiores coleções de design do mundo, com milhares de objetos, como móveis em série, protótipos, peças únicas, objetos de edição especial e estudos experimentais.

Fundado em 1989, o museu inclui uma ampla coleção de luminárias, setores especiais para talheres, aparelhos eletrônicos, maquetes arquitetônicas e acervos de colecionadores famosos.

Além da coleção em si, o Museu de Design Vitra se dedica também à pesquisa sobre o assunto, oferecendo uma biblioteca e um arquivo em expansão constante. A conservação do acervo é feita através de uma oficina própria de restauração. Entre as raridades mantidas pelo arquivo estão, por exemplo, revistas raras antigas, livros originais da Bauhaus ou publicações atuais sobre o tema.

Critérios de aquisição

A fim de ampliar sua coleção, o Museu Vitra aceita doações de objetos e compra outros com frequência, na maioria das vezes através de casas de leilões e galerias. Os critérios para que uma peça seja integrada ao acervo do museu são de ordem temporal, temática e didática.

Ausstellung Marcel Breuer: Design und Architektur
Mostra de Marcel Breuer no Museu Vitra: história do design é reconstruídaFoto: DW Nelioubin / Vitra Design Museum

Ou seja, as peças em questão têm de ter sido criadas entre o fim do século 18 e início do século 19 até os dias de hoje. E devem ser emblemáticas para o design industrial como inovações tecnológicas, de construção ou funcionais. Além disso, é importante que as peças adquiridas para a coleção permanente contribuam para contar a história do design moderno, sendo portanto importantes precursores de determinadas tendências.

Os primórdios do design

O acervo do Museu Vitra é dividido em fases de importância para a história do design, abarcando desde antes de 1900 até os dias de hoje. Na primeira metade do século 19, como salienta o site do museu, a Revolução Industrial transformou a vida das pessoas de maneira radical. A produção em série de móveis foi iniciada já por volta de 1836, pelo marceneiro Michael Thonet, fundador da primeira fábrica de móveis produzidos industrialmente, no ano de 1856, e modelo inspirador para outras empresas fundadas posteriormente. Característica da produção industrial de móveis foi a transição de uma manufatura feita especialmente para o cliente para uma oferta de produtos confeccionados por operários não qualificados no lugar dos artesãos tradicionais.

Nas últimas décadas do século 19, a invenção por Thomas A. Edison da lâmpada, do gramofone e do cinematógrafo, bem como do telefone por Graham Bell, viriam a marcar decisivamente as formas de vida no então vindouro século 20. A importância cada vez maior da técnica no dia a dia levou artistas e artesãos ao desenvolvimento de formas mais racionais para os produtos desenvolvidos.

Como a profissão do designer como tal ainda não existia, foram arquitetos renomados como Josef Hoffmann, Gustav Siegel, Otto Wagner, Kolomann Moser e Adolf Loos que desenvolveram, sobretudo em Viena, os primeiros móveis de fabricação industrial. Surgia ali pela primeira vez uma diferenciação entre desenvolvimento de produtos e produção em si, que se tornavam setores diferentes, assumidos por profissionais de perfis distintos, marcando o que se chama hoje de "momento do nascimento do design".

De Stijl e Bauhaus

Das Gebäude des Bauhauses in der Gropiusallee in Dessau
Sede da Bauhaus em DessauFoto: picture-alliance/dpa

O Museu Vitra rastreia com objetos em sua coleção toda essa época e os anos que se seguiram, incluindo em seu acervo peças do movimento De Stijl, fundado em 1917 por Theo van Doesburg na Holanda, ao qual pertencia também o arquiteto Gerrit Rietvield.

Com relação aos anos 1920, o Museu destaca uma das vanguardas mais importantes da época: a escola Bauhaus, fundada em 1919 por Walter Gropius em Weimar, que depois de ser transferida para Dessau acabou sendo fechada com a tomada do poder pelos nazistas em 1933. Arquitetos, artesãos, pintores, escultores, fotógrafos e outros artistas trabalharam intensamente na Bauhaus, definindo muito do que viria posteriormente a ser compreendido por "formas modernas".

Design como estilo de vida

Da primeira metade do último século até os dias de hoje, a história do design, como mostra o acervo do Museu Vitra, passou por fases distintas. Digna de nota foi a mudança de conceito ocorrida a partir dos anos 1980, quando o design passou a ser desenvolvido menos como busca de soluções práticas e mais como expressão de estéticas individuais.

"Além de grandes nomes, que são venerados como estrelas do design, torna-se impossível nesta época detectar correntes fortes na área. Na melhor das hipóteses, podem ser verificadas tendências", acentua o site do Museu Vitra.

Irmãos Campana: parte do acervo

Ausstellung Antikörper Arbeiten von Fernando & Humberto Campana
Mostra dos Irmãos Campana no Museu VitraFoto: Thomas Dix

Para a realização das mostras temporárias sobre nomes da cena atual, o museu mantém parcerias com outras instituições conceituadas, entre as quais o Centro Georges Pompidou, de Paris, e o MoMA (Museu de Arte Moderna), de Nova York.

Até já foram expostas obras dos designers brasileiros Humberto e Fernando Campana. A obra dos dois irmãos teve uma retrospectiva no museu entre 2009 e 2010.

Ícones da arquitetura

Para além do design de produtos, o Museu Vitra dispõe de um amplo acervo de maquetes arquitetônicas, algumas assinadas por nomes como Ludwig Mies van der Rohe, Marcel Breuer, Le Corbusier e Frank Lloyd Wright.

As próprias instalações do Campus Vitra são ícones arquitetônicos contemporâneos: Zaha Hadid, por exemplo, concretizou ali seu primeiro projeto, e o norte-americano Frank Gehry sua primeira construção na Europa. Por isso, além de visitas guiadas às exposições, o Museu oferece ao visitante também visitas aos prédios de seu "campus", que inclui projetos de Zaha Hadid, Tadao Ando, Richard Buckminster Fuller, Nicholas Grimshaw, Frank Gehry, Álvaro Siza e do escritório SANAA. A Casa Vitra, projetada por Herzog & de Meuron em 2010, pode ser observada de dentro e de fora.

Ausstellung Antikörper Arbeiten von Fernando & Humberto Campana
Retrospectiva Louis Kahn: mostra atual no Museu VitraFoto: Vitra Design Museum 2013/Ursula Sprecher

As mostras temporárias dedicam-se também regularmente a grandes nomes da arquitetura. Entre as exposições atuais do museu está uma retrospectiva póstuma da obra do arquiteto norte-americano Louis Kahn (1901-1974), que inclui maquetes, desenhos, esboços, fotografias e filmes, numa documentação detalhada de todos os projetos realizados por ele. Entrevistas com arquitetos como Frank Gehry, Renzo Piano, Peter Zumthor e Sou Fujimoto sublinham a importância da obra de Kahn para a arquitetura contemporânea.