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Nas entrelinhas da paz

rw4 de julho de 2003

O processo de paz no Oriente Médio e o otimismo de Ariel Sharon e Mahmud Abbas em relação à implementação do "road map", o plano de paz em linhas gerais, foram comentados esta semana pela imprensa alemã.

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Enquanto alguns jornais alemães avaliam em seus editoriais a nova aproximação entre os governos iraelense e palestino com ceticismo, outros consideram promissoras as metas alinhavadas pelo mapa da paz. Mas lembram ser necessária muita determinação para que os objetivos sejam alcançados.

O diário Rheinische Post, de Düsseldorf, considera prematuro falar de um processo irreversível, apesar dos sinais promissores vindos do Oriente Médio. "Muitos israelenses consideram o cessar-fogo dos islâmicos e terroristas palestinos veneno coberto de mel. Até pode ser, pois os extremistas palestinos condicionaram sua promessa ao fim das mortes, das diligências militares e da destruição de casas."

Israel começou a retirar-se dos territórios ocupados. Um passo importante para a concretização do plano de paz, prossegue o jornal de Düsseldorf, "mas a verdadeira reviravolta seria a proclamação do Estado Palestino, conforme prometeu o presidente George W. Bush. Seria um grande sinal para alguns israelenses".

"Não existe solução militar para o conflito"

Em Freiburg, o jornal Badische Zeitung escreveu: "Parece que, após vários anos terríveis, o governo Sharon e os palestinos estão cansados do barulho dos conflitos. Ou, ao menos, precisam de uma pausa. Isto dá tempo para provar aos cabeçudos de ambos os lados que não existe solução militar para o conflito. Palestinos e israelenses têm de aprender a conviver. A paz não terá chances, se depender de alguns fanáticos."

Determinação é a palavra-chave do editorial do Lausitzer Rundschau, de Cottbus, leste do país: "Basta querer, que o processo de paz avança no Oriente Médio. Mas, por mais positivo que seja o cessar-fogo e as facilidades nele implícitas, eles são apenas parte da implementação do plano de paz". A segunda fase exigirá decisões que ambos os lados ainda parecem não aceitar, como a criação do Estado Palestino, de um lado, e a desistência dos palestinos do seu direito de retornar como refugiados a Israel, de outro.

Para o diário Tagesspiegel, de Berlim, as chances para a paz na região são "melhores que antes, mas ainda não chegam a ser boas". A retirada dos territórios ocupados pode ser difícil para os israelenses, mas representa muito para os palestinos. Estes precisam de emprego, garantias de sustento, liberdade de ir e vir. Para Israel, algumas semanas sem atentados são um benefício. O premiê Abbas só pode convencê-los se iniciar o combate ao terror, opina o jornal berlinense.

Os mulás no Irã, o Hisbolá no Líbano e Iasser Arafat em Ramalá são fatores mais poderosos que os meios do presidente norte-americano, lembra o Wetzlarer Neue Zeitung. Em vista das eleições norte-americanas no próximo ano, é importante para Bush que os líderes radicais reconheçam a insensatez de seus atos e que a rota da paz traga resultados. "Por isso, devem receber um lugar nesta nova ordem, mesmo que alguns abominem, com razão, a idéia", conclui o jornal da cidade de Wetzlar.