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Nas entrelinhas de uma campanha

Alessandra Andrade10 de janeiro de 2002

Campanha de divulgação do livro "Força para Viver" invade a Alemanha e intriga a população. Pouco se sabe a respeito de quem está por trás do movimento, que também envolve a distribuição gratuita da obra.

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Paulo Sérgio é um dos divulgadores da campanha do "Força para Viver"Foto: AP

Nas ruas, na televisão e até mesmo na internet, uma oferta bem curiosa está causando agitação na Alemanha. Promete-se liberdade e alegria para aqueles que lerem o livro Força para Viver. Uma promessa não muito diferente da que fazem os milhares de livros de auto-ajuda que pipocam pelo mundo afora. Porém o anormal dessa história toda é que pouco se sabe sobre a Fundação Arthur S. De Moss, a qual promove a campanha e cuida da distribuição gratuita do livro.

Estampados nos cartazes de divulgação da obra, encontram-se celebridades locais e internacionais, como o jogador de golfe alemão Bernhardt Langer e o jogador de futebol brasileiro Paulo Sérgio. Estas, entre outras personalidades, explicam como a leitura do Força para Viver transformou as suas vidas. O caminho para se chegar à plena felicidade parece fácil, "clique aqui para iniciar um contato pessoal com Deus", consta em um link do site do livro, que leva o internauta diretamente ao formulário para solicitação de um exemplar.

Fora o livro, há pouco para ser lido. O site traz apenas as fotos de uns de seus leitores e uma ficha para ser preenchida com os dados pessoais do usuário disposto a ler as palavras "que tocaram milhões de pessoas". Da mesma forma, não se menciona qualquer ligação da fundação a uma seita religiosa, nem se pede por doações. Entre as poucas frases, uma bem direta: "Não respondemos perguntas sobre o conteúdo e a organização da campanha."

Nas entrelinhas —

A sede da Fundação Arthur S. De Moss localiza-se na Califórnia. Como uma das maiores organizações beneficentes dos Estados Unidos, ela financia campanhas e projetos cristãos e dispõe de um patrimônio de 450 milhões de dólares. Na Alemanha, a Fundação Moss aparece freqüentemente relacionada a campanhas contra aborto, homossexualidade e pena de morte.

Críticas —

A campanha de divulgação do Força para Viver está levantando críticas e causando rumores entre os alemães. As escassas informações a respeito da organização que promove a campanha do livro levantou a suspeita de que o movimento esteja ligado a seitas religiosas. Além disso, o conselho de controle de publicidade nas emissoras de direito público decidiu, nesta quinta-feira, proibir a campanha do livro na televisão. Segundo o órgão, trata-se de publicidade religiosa, propagando uma determinada filosofia de vida, o que é proibido na Alemanha.

Brasil —

O livro já foi distribuído em 13 países. No Brasil, a febre do Força para Viver aconteceu por volta da década de 80 e teve como um de seus divulgadores o jogador de futebol Silas, que teria conseguido convencer 600 mil leitores. Atualmente, tudo indica que Silas passou a bola para Paulo Sérgio, o qual aparece nas propagandas da Alemanha, afirmando: "Acima da vitória e da derrota, o meu relacionamento com Deus faz com que eu me sinta sempre um vencedor".