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Navegando na internet através do rádio

(pc)10 de dezembro de 2003

O radialista navega na internet buscando informações para o ouvinte: uma idéia genial que se tornou alternativa para acessar a rede nos países pobres. Confira os detalhes.

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Estúdio de rádio em Burkina FassoFoto: Arsenijevic

Considerada a mais democrática das mídias, a internet possibilita teoricamente a qualquer um o acesso à informação. Porém, na prática, a coisa é bem diferente. Nos países pobres, a carência de tecnologia de comunicação e informação, a baixa renda e o alto índice de analfabetismo constituem obstáculos para navegar na rede.

O acesso à rede através do rádio – também chamado de radio browsing – é uma alternativa concreta à falta de internet. Esta idéia está sendo discutida na cúpula da informação da ONU, que se realiza entre 10 e 12 de dezembro em Genebra (Suíça).

Como funciona o sistema? É muito simples: o radialista vira uma espécie de máquina de busca para os ouvintes. Como a maioria das informações na internet é em inglês, o radialista tem de fazer a tradução para o idioma local. O ouvinte não precisa saber ler nem escrever.

Exemplos da África e do Peru

A navegação através do rádio é um sucesso em vários países, conforme explica o professor Uwe Afemann, da Universidade de Osnabrück, que publicou vários livros sobre o tema internet e Terceiro Mundo.

No Mali, por exemplo, foram instalados uma estação móvel de rádio e um acesso à internet, financiados por ONGs. Projetos semelhantes, patrocinados pela Unesco, estão funcionando em outros países africanos, como Burkina Fasso, Níger e Uganda, e também em Sri Lanka.

A Agência de Cooperação Técnica da Alemanha (GTZ) assessora o serviço internet da Rádio Marañon, situada no norte do Peru e vinculada à Igreja Católica.

Acesso via satélite

O acesso à internet por meio de satélite é muitas vezes a única alternativa para as regiões do interior. Uwe Afemann acredita que este tipo de serviço, oferecido por exemplo pela GTZ alemã, constitui uma solução para regiões pobres.

Dessa forma, a população tem acesso às informações importantes para o seu dia-a-dia. Os camponeses de Sri Lanka, por exemplo, conheceram novos métodos para secar o chá através de um programa de rádio-internet.

Pressão de governos e carência de informações

Apesar de ser uma alternativa original, a rádio-internet tem sido combatida por governos autoritários. Uma população bem informada é, sem dúvida, um perigo para qualquer ditadura e, por isso, muitas estações de rádio independentes não conseguem licença para operar.

Um outro probema é a quantidade reduzida de informações disponíveis. No Peru, a GTZ criou junto com a Rádio Marañon um banco de dados de informações locais, como por exemplo os atuais preços do café, cacau e outros produtos agrícolas, colocando-os à disposição na internet.

Em abril de 2004, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) promoverá um congresso internacional em Quito voltado para o tema “Internet, rádio e desenvolvimento das regiões rurais”.