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No horário eleitoral, Dilma e Aécio adotam discurso da mudança

Marina Estarque10 de outubro de 2014

Tucano pede apoio dos que, no primeiro turno, votaram na não continuidade, enquanto petista promete segundo mandato com ideias novas. Em comparações entre governos PT e PSDB, candidatos dão destaque à economia.

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Foto: Reuters/P. Whitaker

No horário eleitoral gratuito, que recomeçou nesta quinta-feira (09/10), ambos os candidatos à Presidência, Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), tentaram convencer o eleitor de que representam a mudança.

A petista repetiu o refrão do primeiro turno: "Governo novo, ideias novas". "Entendi o recado das ruas e das urnas. Os brasileiros e as brasileiras que me deram o voto disseram que a melhor forma de continuar mudando é acelerar e aperfeiçoar o que está em andamento e fazer um governo novo, com ideias novas", disse a presidente.

Já Aécio deu ainda maior enfoque ao tema, refletido no próprio nome da coligação: "Muda Brasil". "Quero começar este segundo turno das eleições dando parabéns ao grande vitorioso do último domingo, que foi você. Quem venceu de verdade foi a imensa vontade de mudança do povo brasileiro. Milhões de brasileiros deixaram claro que não aceitam mais que o Brasil continue no caminho que está", disse.

Nesse momento, o tucano fez também um convite aos eleitores da ex-candidata Marina Silva (PSB), que ainda não anunciou um eventual apoio a um dos candidatos do segundo turno. "Quem não votou em mim, mas votou na mudança, convido agora a vir com a gente", afirmou.

Brasilien Wahlkampf TV Debatte Dilma Rousseff
"Nos governos tucanos, o Brasil chegou a ser o segundo país do mundo com o maior número de pessoas desempregadas", atacou DilmaFoto: Reuters/Nacho Doce

Ataques mútuos

Após os agradecimentos aos eleitores pelos votos, tanto Aécio quanto Dilma fizeram ataques ao projeto de governo adversário.

O PT retomou a estratégia de desconstrução, usada contra Marina no primeiro turno. O partido defendeu que o projeto tucano seria um "retrocesso", em oposição ao programa petista, que seria o "futuro". Dilma disse que "não faz ataques pessoais ao adversário", mas criticou duramente o PSDB.

"Ele [Aécio] representa o modelo que quebrou o país três vezes, abafou todos os escândalos de corrupção, privatizou o patrimônio público a preço de banana, causou desemprego altíssimo, arrocho salarial e recessão, se curvou ao FMI, esqueceu os mais pobres, não investiu nem na área social, nem na infraestrutura", afirmou.

Dilma associou, então, os tucanos a uma "apatia, distância, insensibilidade e conformismo", afirmando que, como exemplo, eles mencionam frases de Fernando Henrique Cardoso, que representaria "o estilo tucano de encarar o Brasil".

"Quando era presidente, ele [FHC] chegou a chamar os aposentados de vagabundos. Agora, ao comentar o primeiro turno desta eleição, ele disse literalmente: 'Não é porque são mais pobres que votam no PT, mas porque são menos informados'. Ou seja, para FHC, os 43 milhões de eleitores de Dilma são ignorantes", disse a propaganda.

Dilma admitiu que a economia passa por "dificuldades momentâneas", mas segue a comparação com a administração FHC, destacando o que seriam os trunfos petistas. "Nos governos tucanos, o Brasil chegou a ser o segundo país do mundo com o maior número de pessoas desempregadas. Com o governo Dilma, temos as menores taxas de desemprego da nossa história e uma das menores do mundo."

Num claro aceno ao mercado, Dilma reconheceu que é preciso fazer mudanças na economia: um controle da inflação com "mais firmeza", mas "sem desemprego, nem arrocho salarial".

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"Dilma diz que a culpa dos problemas do Brasil é do mundo. Aécio diz que a culpa é do governo", argumentou a propaganda do PSDBFoto: Evaristo Sa/AFP/Getty Images

"Governo é o problema"

A propaganda de Aécio tentou mostrar que o governo do PT "não funciona" e que os brasileiros não teriam mais "confiança no seu próprio futuro". "Quando o governo é o problema, a vida de todo mundo vira também problema. A educação, a saúde, a segurança, a inflação, tudo vira problema. Queremos de volta os bons valores que sempre tivemos", disse o candidato.

Ele reforçou que a disputa no segundo turno será árdua. "A luta vai ser dura. Nossos adversários já mostraram que não têm limites quando o que está em jogo é o seu projeto de poder."

A propaganda do PSDB comparou também os governos dos dois candidatos. "Dilma pegou um país que ia bem e que, quatro anos depois, está em recessão. Parado. Aécio pegou um estado que ia mal e que, dois anos depois, voltou a crescer."

Em outro paralelo, a propaganda afirmou que Aécio teria cortado o número de secretarias e cargos políticos durante seu governo em Minas Gerais, enquanto Dilma havia ampliado a quantidade de ministérios.

A comparação continuou: "Dilma diz que a culpa dos problemas do Brasil é do mundo. Aécio diz que a culpa é do governo. Dilma diz que é preciso continuar como está. Aécio diz que é preciso mudar. O que você prefere? Mudar com Aécio ou ficar com Dilma?".

Bildergalerie Brasilien Wahlen 2014 Aecio Neves
Propagande de Aécio (dir.) reforçou trajetória do candidato e relação com o avô, Tancredo Neves (esq.)Foto: cc-by-sa/Cidadão de Minas

Alianças e governadores eleitos

A propaganda de Dilma deu destaque às conquistas do partido no primeiro turno, com presença de governadores e senadores eleitos pelo PT e pela base aliada.

O primeiro a aparecer foi o governador eleito de Minas Gerais, Fernando Pimentel. "Tivemos uma importante vitória. Tivemos mais votos em Minas, território do adversário", disse a petista.

Já a propaganda de Aécio valorizou os apoios dados à candidatura de Aécio, como os dos ex-candidatos Pastor Everaldo (PSC) e Eduardo Jorge (PV), bem como os dos partidos PPS e PSB.

No caso do PSB, Aécio apareceu em vídeo dizendo que se sentia "emocionado". "Passo a ter a responsabilidade de, no limite das minhas forças, levar, pelo Brasil inteiro, o legado de Eduardo Campos."

Por fim, a propaganda de Aécio também procurou apresentar o candidato ao eleitor, mostrando sua trajetória política e, principalmente, a relação com o avô, Tancredo Neves.