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Normas industriais afastam Europa dos EUA

Nina Bednartz (sm)28 de março de 2004

O Instituto Alemão de Normalização (DIN), que estabelece padrões dentro do país, vem se internacionalizando. Mas os EUA se mantêm à parte.

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Ferramentas alemãs servem em todo mundo, graças ao DINFoto: Bilderbox

Qual o tamanho máximo que uma chupeta pode ter para o bebê não se engasgar? Qual a altura da trave do gol de futebol? Quais as medidas de um contêiner? Respostas a estas e outras perguntas do gênero podem ser dadas pelo Instituto Alemão de Normalização (DIN), sediado em Berlim.

A Alemanha estabelece normas técnicas desde 1918. O primeiro objeto normatizado foi um componente de ligação para peças de maquinário. Hoje já existem 28 mil normas. Cerca de 2650 foram estipuladas no ano passado.

"Estamos aí para garantir que tudo se encaixe", resume Torsten Bahke, diretor do DIN. "Em decorrência da globalização, a normatização adquiriu um outro valor. A norma mais propagada é a do formato de papel A4, por exemplo. Hoje as impressoras e copiadoras são construídas de acordo com esse formato. Caso não houvesse padronização, a produção em massa seria inviável, o que encareceria os produtos."

25 mil pessoas em ação

As normas também impõem padrões de segurança. Isso se aplica, por exemplo à construção de usinas ou de assentos de carro para crianças. Quatrocentros e cinquenta funcionários do DIN se encarregam das normas. Mas o seu desenvolvimento envolve muito mais gente. Cerca de 25 mil especialistas participam permanentemente das comissões do instituto. O estabelecimento de um padrão pode durar de dois a quatro anos.

"O impulso parte da indústria. Nós organizamos todo o processo, integrando nele grandes e médios empresários, bem como consumidores. Deste modo, a norma é estabelecida com alta competência técnica e em consenso geral. É importante que todos concordem com a mesma versão. Caso contrário, haveria o risco de a norma não ser utilizada por todos. Afinal, sua adoção é voluntária", explica Bahke.

O DIN não impõe regras, apenas faz recomendações. E faz tempo que isso não se restringe apenas à Alemanha. Para Bahke, o instituto se transformou numa instituição internacional há dez anos. Afinal, 90% das normas já foram europeizadas. Mas isso não acontece por si. A Alemanha investe anualmente cerca de 700 milhões de euros. Mas o que se economiza com a padronização é muito mais, chegando a 16 bilhões de euros.

Recusa ao DIN: barreira comercial

Hoje a normatização não se reduz apenas à técnica e indústria, mas também vale para a prestação de serviços para além das fronteiras. Um exemplo disso é a informática médica, que garante, por exemplo, que um diagnóstico seja feito na Alemanha e a terapia possa ser realizada fora da Europa.

No setor de turismo, a padronização permite que se possam fazer reservas pela internet. "Para fazer isso, o cliente precisa de um parâmetro de comparação. E a norma oferece justamente este referencial", explica Bahke.

Quase 150 países já cooperam com a criação de padrões internacionais. Mas um país se recusa: os EUA. Isso significa, por exemplo, que telefones celulares europeus não funcionam lá, que empresários alemães não podem participar de concorrências públicas para a construção de usinas, porque as normas norte-americanas não coincidem com as européias.

Para Bahnke, a razão da recusa norte-americana é evidente: "Só os americanos querem proclamar suas próprias normas nacionais. Isso não passa de uma barreira comercial." Mas o diretor do DIN acredita que a Europa e os Estados Unidos ainda vão chegar a um consenso. Bom exemplo disso é a central de questões de normatização que o DIN e a Câmara de Comércio dos EUA-Alemanha criaram em Washington.