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"Nosso problema não é a Copa", diz ministro sobre aeroportos

Ericka de Sá, de Brasília6 de junho de 2013

Moreira Franco garante bom funcionamento do sistema aeroportuário brasileiro durante grandes eventos e afirma que preocupação é com "o dia a dia". Ele pede elaboração urgente de plano de contingência.

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Foto: picture-alliance/AE

O governo admite que o sistema aeroportuário brasileiro precisa dar um salto de qualidade. Mas, diante da proximidade de eventos como Copa das Confederações, Jornada Mundial da Juventude e Copa do Mundo, o poder público vem se vendo forçado a estender a pressão às administradoras dos terminais – tanto à Infraero, quanto às concessionárias que controlam, em regime de concessão, terminais importantes do país. 

Nesta quinta-feira (06/06), em conversa com jornalistas, o ministro Moreira Franco, que chefia a Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República (SAC), atribuiu a precariedade do serviço prestado hoje ao longo período em que o setor esteve sob o monopólio da Infraero. Ele disse, no entanto, estar tranquilo com o desempenho do setor nos grandes eventos.

“Não tenho dúvida de que hoje temos grande tecnologia para eventos. Nosso problema não é a Copa. O problema é o dia a dia”, afirmou.

Novas concessões

O governo diz que a satisfação do passageiro é prioridade. Nesta semana, o aeroporto Santos Dumont, no Rio, amanheceu fechado para pousos por causa do mau tempo por vários dias consecutivos. A frequência do fechamento desse e de outros terminais – como o de Congonhas (SP) – e a insatisfação dos passageiros levaram a Secretaria de Aviação Civil a convocar uma reunião com o presidente da Infraero, Gustavo Vale, o diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Marcelo Guaranys, e o secretário de Aeroportos da SAC, Juliano Noman.

No encontro, Moreira Franco pediu a elaboração urgente de um plano de contingência para atender passageiros em aeroportos fechados por mau tempo. A intenção, segundo a SAC, é prestar assistência rápida aos usuários.

Nos primeiros três meses deste ano, mais de 21 mil passageiros que passaram por 15 aeroportos brasileiros (nos embarques nacional e internacional) avaliaram os principais serviços dos terminais, desde a cortesia dos funcionários do check-in até o valor da alimentação.

O resultado é uma média de satisfação de 3,81 pontos, em uma escala que vai de 0 a 5. Itens como a velocidade na restituição de bagagem, conforto no embarque, custo do estacionamento e instalações dos estabelecimentos de alimentação receberam avaliações abaixo da média.

Como estímulo, o governo lançou nesta semana um prêmio que pretende fomentar a competição entre os aeroportos que receberão torcedores durante a Copa das Confederações, como os de Rio de Janeiro e Brasília.

Flugzeug Landeanflug Rio de Janeiro
Avião se prepara para pouso no Rio: cidade responde por grande parte do fluxo aéreo do paísFoto: picture-alliance/dpa

E é como o foco no cliente que as novas concessões estão sendo pensadas. Na próxima rodada, os aeroportos do Galeão, no Rio de Janeiro, e de Confins, em Minas Gerais, serão abertos à iniciativa privada. Para essa nova fase de concessões, o governo quer evitar erros cometidos nas últimas rodadas, principalmente no que se refere à experiência exigida das empresas e ao grau de participação como investidoras.

“Aprendemos com os erros”, disse Moreira Franco. “Nós melhoramos substancialmente a qualidade do edital que está em audiência pública”.

Agora o país exige que o concessionário tenha experiência em operar aeroportos com mais de 35 milhões de passageiros por ano, e o aporte inicial dos sócios nas concessões foi elevado de 10% para 30%.

Concorrência para estimular investimento

Na última semana, o Grupo de Economia da Infraestrutura e Soluções Ambientais da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou pesquisa sobre a importância da competição para obtenção de bons resultados nas concessões dos aeroportos brasileiros.

Entre 2002 e 2012, o volume de passageiros cresceu a uma taxa média anual de 10,8%, combinada a uma redução do preço médio das passagens.

A previsão é que, até 2030, o Brasil terá uma demanda de 312 milhões de passagens aéreas, número cerca de três vezes maior do que o registrado em 2009. Assim, a capacidade teria que dobrar, o que significa investimentos entre 25 e 34 bilhões de reais até 2030, principalmente em melhorias nos terminais.

“É muito importante que os consórcios vencedores das licitações tenham incentivo a investir”, disse à DW Brasil o professor da FGV Gesner de Oliveira.

Ele lembra que os aeroportos de Guarulhos e Galeão correspondem hoje a 80% do tráfego aéreo internacional no Brasil. Gesner avalia que o aeroporto carioca é um candidato natural a se tornar um hub no tráfego internacional. Para o pesquisador, promover a competição entre Galeão e Guarulhos é uma estratégia que vai estimular o investimento.

Além da competição, planejamento e regulação eficientes são elementos essenciais. “Com esses elementos, será possível aumentar investimentos. Há muito apetite por investimentos no setor de aeroportos”, conclui.