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Novas sanções elevam tensão entre Rússia e Ocidente

17 de julho de 2014

Medidas anunciadas pelos americanos ampliam impasse entre Moscou e Washington. Putin alerta que relações entre EUA e Rússia caminham para um beco sem saída.

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Presidente russo, Vladimir Putin
Novas sanções do Ocidente à Rússia criam tensão diplomáticaFoto: Reuters

Os Estados Unidos e a União Europeia (EU) anunciaram novas sanções à Rússia nesta quarta-feira (16/07), estremecendo ainda mais as relações entre Moscou e o Ocidente. As medidas têm como objetivo pressionar o presidente russo, Vladimir Putin, a tomar providências contra o aumento da violência na Ucrânia e representam duros golpes aos setores militar, de finanças e de energia do país.

As sanções vindas da Casa Branca são as mais duras impostas até agora, mas em vez de paralisar completamente setores-chave da economia, os EUA preferiram se concentrar em alvos específicos.

As punições voltam-se particularmente contra duas importantes empresas de energia, a AO Novatek e a Rosneft, e outras duas poderosas instituições financeiras, o Gazprombank e o Vnesheconombank, além de oito companhias de armamentos e quatro pessoas físicas. Entretanto, os EUA preferiram não atacar diretamente a Gazprom, maior produtora mundial de gás natural e fornecedora de grande parte da energia consumida na Europa.

As medidas têm como alvo os principais aliados de Putin, que estão na chefia das empresas atingidas e viram seu patrimônio crescer de forma expressiva durante o mandato do líder russo. A Rosneft, por exemplo, é dirigida por Igor Setchine, uma pessoa próxima de Putin.

Na prática, as sanções acabam com financiamentos de médio e longo prazo em dólar. Apesar de as sanções não terem congelado o capital das empresas ou impedido que firmas americanas façam negócio com elas, efeitos foram verificados no mercado de ações russo nesta quinta-feira.

O presidente americano, Barack Obama, justificou as medidas, dizendo que Putin não deu os passos necessários para resolver a crise na Ucrânia de maneira pacífica. "Já enfatizamos que preferimos resolver essa questão diplomaticamente, mas que precisamos ver ações concretas e não somente palavras da Rússia."

Em Bruxelas, a União Europeia anunciou a suspensão da cooperação econômica. As medidas anunciadas nesta quarta-feira preveem que o Banco Europeu de Investimento (BEI) e o Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BERD) congelem seus projetos na Rússia.

A UE também concordou em dirigir suas atenções para empresas russas ligadas a atividades que visam minar a soberania ucraniana. Uma lista com os alvos deve ficar pronta até o fim de julho, segundo os líderes do bloco.

Durante a Cúpula do Brics em Brasília, Putin criticou as sanções, dizendo que elas levarão as relações entre EUA e Rússia a "um beco sem saída". O presidente russo também alertou que as sanções prejudicarão a economia dos EUA, já que afetarão empresas americanas que atuam na Rússia. Putin não fez menção às possíveis sanções anunciadas pela UE.

O primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, também criticou o pacote, que qualificou como ruim e ineficaz para a resolução do conflito. Para ele, tais punições não ajudarão a Ucrânia e ainda vão insuflar o sentimento antiamericano na Rússia.

O Ministério russo do Exterior afirmou que "não vai tolerar a chantagem" dos Estados Unidos e qualificou as novas sanções de "uma tentativa primitiva de vingança pelo fato de os acontecimentos na Ucrânia não se terem desenrolado de acordo com o cenário elaborado por Washington".

A Ucrânia entrou em seu quinto mês de conflito entre separatistas pró-Rússia e tropas do governo ucraniano. Segundo a Organização das Nações Unidas, mais de 400 pessoas já morreram e outras dezenas de milhares tiveram que abandonar suas casas. A crise começou após a queda do ex-presidente ucraniano, Viktor Yanukovytch, pró-Moscou, e a subsequente anexação da península ucraniana da Crimeia pela Rússia.

IP/afp/rtr/ap/lusa