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"Novos europeus" com medo da inflação

(ns)27 de abril de 2004

Às vésperas do ingresso de dez novos membros na União Européia, muitos enchem suas despensas na Europa Oriental, temendo aumento de preços. Já em Malta, espera-se que o custo de vida fique mais em conta.

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Poloneses compram num mercado móvel flutuante na fronteira com a AlemanhaFoto: dpa

O temor de inflação e aumento dos preços dos gêneros alimentícios a partir de maio levou a população de vários países do Leste Europeu a armazenar o máximo possível de mantimentos como farinha de trigo, sal, açúcar e arroz, às vésperas do ingresso na União Européia. A admissão de dez novos membros, oito dos quais da Europa Oriental, entra em vigor em 1º de maio.

Em Malta, pelo contrário, a atitude é de espera, pois conta-se com uma queda dos preços. Mas nenhum dos dez novos membros adotará o euro de imediato. Na União Monetária Européia não se entra automaticamente, há várias condições a serem preenchidas, o que levará anos.

Pânico no supermercado

Na República Tcheca, a população invadiu os supermercados, depois que a imprensa anunciou um aumento de preços a partir de maio. Em todo o país, os consumidores estão comprando caixas e caixas de mantimentos, principalmente arroz e açúcar.

"Uma coisa dessas eu só vi na era comunista", comentou um cliente, citado por um jornal tcheco. Para o proprietário de um supermercado, "as pessoas ficaram loucas de repente". Atitude que os brasileiros versados em inflações galopantes do passado entendem perfeitamente.

Nos países bálticos – Letônia, Estônia e Lituânia – e também na Eslováquia o quadro é semelhante. Seus habitantes temem a carestia porque, após o ingresso, os governos não poderão mais subvencionar os alimentos.

Wurstverkäuferin in Litauen
Estande de frios e toucinho no mercado de Vilnius, LituâniaFoto: dpa

A corrida para encher a dispensa foi maior nas regiões rurais. Na Lituânia, a maior cadeia de supermercados decidiu "racionar" as compras e vender, no máximo, dois quilos de açúcar por pessoa.

Más lembranças do comunismo

Na Polônia também houve grande demanda de açúcar, sobretudo antes da Páscoa. A seguir, os preços do produto atingiram um novo recorde, provando não apenas que a lei da oferta e da demanda funciona, como também que a "psicologia do consumo", a expectativa de aumento, podem acabar provocando o efeito temido.

Atitudes aprendidas no passado ressurgem. "A corrida para comprar açúcar lembrou muito os dias mais sombrios do comunismo, quando as pessoas acumulavam tudo o que iam encontrando pela frente", disse a porta-voz do banco nacional NBP, citada pelo semanário Spiegel.

Mas de modo geral, os poloneses estariam reagindo de forma racional, não havendo indícios de novos "ataques de compras". Pelos cálculos do banco, os preços não devem aumentar mais que 0,9% após a ampliação da União Européia. Um terço dos artigos ficará até mais em conta.

Onde a histeria não atacou

Já na Hungria e na Eslovênia não há sinal de histeria coletiva. No Chipre, o grande tema ainda é o resultado do plebiscito no lado grego, que acabou impedindo o ingresso da parte turca da ilha na UE.

Em outra ilha, Malta, por sua vez, impera uma atitude de reserva motivada por expectativas completamente diferentes em relação ao ingresso. Os malteses contam com uma queda dos preços devido à abolição de taxas alfandegárias. "Vinhos da Itália e da Espanha certamente ficarão mais baratos", comentou um cidadão que terá o que comemorar em maio.