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O custo da crise migratória

Andreas Becker (mp)2 de fevereiro de 2016

Estimativa é de que governo alemão gastará 50 bilhões de euros nos próximos dois anos com acolhimento e integração de refugiados. Para equilibrar o orçamento, pesquisadores defendem restrição de gastos em outras áreas.

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Refugiados afegãos num abrigo em Jena: cada um custará mais de 15 mil ao governo alemãoFoto: picture-alliance/dpa/M. Schutt

Serão necessários 50 bilhões de euros para que a Alemanha cubra gastos com abrigo, alimentação e alocação dos refugiados em 2016 e 2017. São recursos públicos, provenientes de contribuintes, segundo cálculo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica de Colônia (IW) após um estudo financiado por empresas e associações empresariais.

A pesquisa estima que, para cada refugiado, 12 mil euros terão que ser gastos anualmente somente com acomodação, alimentação e assistência social. Aulas de alemão e de integração estão orçadas em 3,3 mil euros anuais. Assim, o acolhimento de cada refugiado na Alemanha custaria aos cofres públicos mais de 15 mil euros por ano.

"É claro que cada dinheiro gasto pelo governo significa incremento na renda de alguém – desde empresas de construção civil que vão erguer abrigos para refugiados até escolas de idiomas e supermercados onde os refugiados comprarão comida", explica Tobias Hentze, do IW. "Por isso consideramos o gasto com os refugiados um pequeno pacote de estímulo à economia."

Encargos

O estudo se concentra no dinheiro que o governo tem de pagar – ou seja, nos encargos para os cofres públicos. Depois da chegada de 1,1 milhão de pessoas à Alemanha no ano passado, são esperadas mais 800 mil neste ano e outras 500 mil em 2017. Os pesquisadores fizeram uma "média cumulativa anual" baseada nestes números.

"Se dois refugiados chegarem em 1º de julho, eles são contados como uma pessoa que ficou todo o ano no país", salienta Hentze. O estudo estabelece a média em 1,525 milhão de pessoas em 2016 e 2,163 milhões em 2017. O restante do cálculo é bem simples: o número médio de refugiados multiplicado pelos custos de cada um.

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Refugiado iraquiano em Bonn: cerca de 100 mil devem arrumar um emprego em 2016Foto: DW/G. Acer

Alguns dos refugiados serão empregados após todas as etapas burocráticas serem concluídas, e a permissão de trabalho, emitida. Os pesquisadores estimam que 99 mil pessoas neste ano e 276 mil em 2017 não precisarão mais do apoio do governo, exceto para aprimorar os conhecimentos do idioma e aulas de integração. O dinheiro que não deixará de ser gasto é levado em consideração no estudo.

Benefícios

No entanto, Hentze admite que mesmo esta dedução não apresenta o quadro completo da situação. "Se os refugiados têm emprego, eles pagam impostos e encargos sociais. Este dinheiro retornaria aos cofres do Estado", diz.

Ele explica que o IW não tentou calcular ainda quanto isto representa exatamente, mas salienta que estão sendo feitas análises sobre custos fiscais e benefícios. Todas as pesquisas sobre o preço do apoio aos refugiados carecem de dados. Ainda não é possível saber quantos refugiados exatamente encontraram emprego.

"As nossas expectativas não deveriam ser altas", alerta Detlef Scheele, diretora do Escritório Federal do Trabalho (BA), em entrevista ao diário bávario Süddeutsche Zeitung. "Se tudo correr bem, talvez 10% dos refugiados vão arrumar emprego já no primeiro ano [na Alemanha]. Metade deles, após o quinto ano, e 70%, depois de 15 anos."

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Registro de refugiados em Berlim: foram mais de 1,1 milhão de chegadas em 2015Foto: DW/B.Grässler

Para Tobias Hentze, a melhor forma de integrar os refugiados na sociedade é através da inserção no mercado de trabalho. Ele diz que o governo deveria agir mais rápido para viabilizar este processo, o que geraria também uma redução nos custos.

As estimativas de gastos do IW se aproximam dos cálculos do Instituto para a Economia Mundial de Kiel (IfW), que prevê o gasto de entre 52 e 63 bilhões de euros em dois anos, dependendo do número de refugiados que devem chegar.

Em janeiro, o ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, anunciou superávit na receita fiscal de 12 bilhões de euros. A boa notícia fez com que diversos ministros solicitassem mais recursos para suas pastas.

"Eu questiono se estes pedidos se justificam. O governo deveria se concentrar no que é essencial, e não há dúvidas de que o apoio aos refugiados é essencial", afirma Hentze.

Se as autoridades regionais e federais não conseguirem fazer restrições financeiras em outras áreas, diz o estudo do IW, correm o risco de serem obrigados a pedir novos empréstimos em breve.