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O fim da discórdia

Neusa Soliz17 de abril de 2003

A União Européia conseguiu definir uma política comum em relação ao Iraque, depois da grave cisão que a guerra provocou entre seus membros.

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Encontro de cúpula da UE em AtenasFoto: AP

A declaração aprovada no encerramento do encontro de cúpula da União Européia em Atenas dá margem a esperança. Após meses de desentendimento entre partidários e adversários de uma guerra contra o Iraque, a UE demonstra unidade, ao exigir um papel central das Nações Unidas após o confronto militar naquele país. A União Européia agora tem uma posição comum frente aos Estados Unidos, que vêm se mostrado reticentes quanto ao papel da ONU.

Retornando à unidade, recuperou sua credibilidade, o que permite avaliar como um sucesso o encontro de cúpula de Atenas. O consenso foi endossado pelos dez novos membros, admitidos oficialmente nesta quarta-feira (16/04), concluindo a fase decisiva de ampliação da comunidade. Eles passam a integrar a comunidade em maio de 2004.

A ONU deve decidir o futuro do Iraque

EU Gipfel Erweiterung Simitis Annan Cox
O primeiro-ministro grego, Costas Simitis, à esquerda, preside uma das reuniões. A seu lado, o secretário-geral da ONU Kofi Annan, (no centro), conversa com o presidente do Parlamento Europeu, Pat Cox (à direita)Foto: AP

A União Européia aceita que a coalizão liderada pelos EUA assuma a responsabilidade pela segurança do Iraque durante uma fase de transição, mas exige que depois seja a hora e vez das Nações Unidas. "A ONU tem que desempenhar um papel central, inclusive no processo que levará o povo iraquiano a ter um governo próprio", reza a declaração. A organização internacional teria adquirido experiência nisso através de sua atuação em outros conflitos.

O objetivo, segundo o ministro alemão do Exterior, Joschka Fischer, é fazer com que "as decisões necessárias sejam tomadas sob a égide das Nações Unidas". Os membros europeus do Conselho de Segurança – França, Grã-Bretanha, Espanha e Alemanha – estariam de acordo, juntamente com a Rússia e o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, de que agora é preciso agir "de uma forma muito pragmática e independentemente das posições divergentes do passado".

A mensagem do Velho Continente a Bush

Joschka Fischer und Jack Straw in Berlin
Ministro alemão do Exterior, Joschka Fischer (à esquerda), com seu colega britânico, Jack StrawFoto: AP

Fischer ressaltou a importância de a União Européia ampliada ter conseguido chegar a uma posição comum, dizendo que se tratava, em Atenas, de definir a linha geral, e não dos detalhes. A disputa em torno da guerra do Iraque deixou a clara lição de que a Europa precisa ter uma política exterior única. Fischer não quis se manifestar sobre uma possível missão da OTAN no Iraque, o que considerou "para além das questões concretas do momento".

O papel que os europeus querem atribuir à ONU no Iraque do pós-guerra, portanto, irá além da mera ajuda humanitária. A mensagem para o presidente norte-americano, George W. Bush, é clara: ele não pode simplesmente ignorar o Velho Continente. O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, principal aliado dos EUA na guerra, ajudou a construir uma ponte transatlântica.

Chirac e a "Nova Europa"

A aprovação dos novos membros da UE, após as festividades de assinatura dos tratados de ingresso, constituiu uma boa estréia dos dez países, a maioria da Europa Oriental, e o presidente francês, Jacques Chirac, não precisou descarregar novamente sua ira sobre seus representantes, como o fizera antes da guerra, quando eles se colocaram abertamente ao lado de Bush.

A atuação de Chirac em Atenas retratou a posição destacada do líder francês, que fez questão até de estar presente nas conversações com a Bulgária, a Romênia e a Turquia, os candidatos que ficaram de fora da ampliação por enquanto, ao contrário da maioria de seus colegas, como o chanceler alemão Gerhard Schröder, que preferiram deixar a questão para seus ministros do Exterior.