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O fim do bem-estar na Alemanha

(am)17 de fevereiro de 2003

O diretor-geral do FMI, Horst Köhler, criticou com rigor fora do comum a política econômica e social da Alemanha. Em entrevista publicada por um semanário alemão, Köhler advertiu que está em jogo o bem-estar dos alemães.

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Muitos alemães não têm interesse nas reformas, diz Horst KöhlerFoto: AP

O alemão Horst Köhler – indicado para o cargo de diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) pelo governo de Gerhard Schröder – fez críticas arrasadoras à política da coalizão governamental de Berlim. Em entrevista publicada pelo semanário Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung, Köhler afirma: "Os problemas sem solução amontoam-se cada vez mais, seja no caso da aposentadoria ou no setor da saúde." E ninguém esclarece a população sobre a verdadeira extensão do drama, acrescentou.

A seu ver, o sistema educacional alemão – em especial, o ensino superior – já não faz parte, há muito, da vanguarda mundial. Mas a Alemanha necessita de desempenhos excepcionais nos setores científicos e econômicos, a fim de garantir a subsistência de um número cada vez maior de pessoas idosas, entre outras coisas, afirmou Köhler. E acrescentou: "Necessitamos de maior concorrência entre as universidades e de professores universitários que conheçam pessoalmente os seus alunos."

Estruturas esclerosadas

Na opinião do chefe do FMI, "falta empenho para uma eliminação criativa de estruturas esclerosadas". A maior parte da culpa seria do atual governo de coalizão em Berlim, mas também a administração anterior, chefiada por Helmut Kohl, teria contribuído para o problema através de uma ampliação excessivamente generosa dos sistemas de amparo social. Horst Köhler defendeu uma drástica redução dos custos sociais do trabalho na Alemanha. Além disto, seria preciso baixar consideravelmente os impostos e criar um clima propício a novos investimentos no país.

O diretor-geral do FMI também criticou a mentalidade dos seus compatriotas: "Os alemães perderam a consciência de que o bem-estar alcançado tem de ser defendido a cada dia. O sistema de incentivo está deturpado. Tenho a impressão de que mais que nunca, na Alemanha, a esperança é depositada na segurança social coletiva, quando surgem dificuldades."

Sem interesse em reformas

Horst Köhler acredita que muitas pessoas na Alemanha não têm interesse numa mudança porque tiram vantagens do atual sistema: "Os sistemas sociais devem ser estruturados de maneira a oferecer segurança para as pessoas, quando são atingidas por problemas que não possam resolver sozinhas. Na Alemanha, no entanto, muitos procuram obter o máximo de vantagens do sistema de amparo social, que é mantido através de elevadas contribuições obrigatórias."

Na sua opinião, os cidadãos são em primeira linha responsáveis por si próprios e pelas suas condições de vida. E têm de conquistar a cada dia, com trabalho próprio, o bem-estar que pretendem gozar. "Somente sob tais condições é que a solidariedade coletiva organizada pode manter-se confiável e ser economicamente viável", conclui Köhler.