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O militar Henry Lukács, de Zweibrücken

23 de novembro de 2010

O engajamento no Afeganistão rendeu ao militar Henry Lukács a Cruz de Honra por Bravura. Mas a grande paixão deste alemão de 28 anos é saltar de paraquedas: tanto que até a namorada é paraquedista.

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Henry é hauptfeldwebel

Mais de 370 vezes o militar alemão Henry Lukács, de 28 anos, já saltou de um avião em pleno voo. Em alguns casos, a distância até o solo era de dez quilômetros. Estes são os saltos mais difíceis, e não só por causa da altura: a temperatura pode chegar a 60 graus Celsius negativos e em alguns casos os militares saltam com mais de 60 quilos de material.

É quando o soldado chega ao solo que ele percebe o peso que carrega consigo. "Seria bom ter alguém no solo que nos ajudasse a levantar com todo esse peso", constata Henry. Mas, quando a rampa do avião se abre e o soldado tem diante de si a névoa fria, não há tempo para pensar em nada disso.

Distinção por bravura

Na hierarquia militar da Bundeswehr, Henry é um hauptfeldwebel, posto mais ou menos equivalente ao de primeiro-sargento no Brasil. Ele é um dos quatro militares a quem a chanceler federal Angela Merkel concedeu, em julho de 2009, a então recém-criada Cruz de Honra por Bravura.

Henry recebeu a distinção por causa de uma ação militar no Afeganistão em 2008. "Participávamos de uma grande operação no dia 28 de outubro. Durante a operação, aconteceu um ataque suicida num posto alemão de controle. Tivemos de agir com rapidez e conseguimos garantir o resgate e o salvamento", lembra Henry.

Apoio da população

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Henry no quartelFoto: DW

Mesmo muitos meses depois, Henry se mostra pensativo ao relembrar os acontecimentos desse trágico dia. "As únicas coisas que eu associo ao Afeganistão são luto e dor. Eu perdi dois grandes amigos lá."

Também por isso ele espera mais apoio da população alemã à missão do país no Afeganistão. Ou ao menos compreensão. A presença das tropas alemãs serve a uma boa causa, argumenta, referindo-se aos trabalhos de reconstrução do país. Infelizmente a imprensa só fala no Afeganistão quando soldados alemães são atacados e mortos, critica Henry.

Soldado de elite

O hauptfeldwebel define-se como um multiplicador. A sua atividade consiste em transmitir aos soldados mais jovens a experiência adquirida na participação em operações muitas vezes perigosas ao redor do mundo.

A competência para essa tarefa ele tem: nas paredes do seu pequeno quarto estão pendurados, ao lado de fotos das férias, diversos certificados. Praticamente todas as semanas Henry está viajando pela Alemanha ou pelo exterior.

Mas o paraquedista da Divisão de Operações Especiais é modesto e não se vê como um soldado de elite. "Isso são as outras pessoas que definem. Claro que, por meio do treinamento intensivo, nós nos distanciamos de outras unidades da tropa. Mas eu sou antes de mais nada agradecido por poder fazer algo que nem todos fazem."

A vida na caserna

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Com os colegas durante um treinamentoFoto: DW

É claro que também ele precisa encarar o lado menos glamoroso da rotina militar. Quando não está viajando, Henry passa a semana com seus companheiros do Batalhão de Paraquedistas no quartel, na cidade alemã de Zweibrücken.

Enquanto os soldados rasos dividem um quarto geralmente entre três, Henry, na condição de oficial inferior, tem um quarto só para si, ainda que pequeno. Por azar, o televisor está quebrado. Em compensação, ele pode passar mais tempo com seus colegas.

"Somos um grupo muito unido. Um ambiente de trabalho tão bom não se encontra em todo lugar", conta. Sem essa base, que desenvolve a confiança e a compreensão mútuas, o trabalho em grupo dificilmente funcionaria. Afinal, os soldados não precisam se entender apenas na caserna, mas precisam principalmente confiar uns nos outros durante operações perigosas.

Namorada paraquedista

No final de semana, Henry tem tempo para a sua vida privada. É quando ele viaja para Colônia, onde mora a namorada. Para o soldado nascido em Jena, no leste da Alemanha, Colônia já é a sua cidade natal.

A namorada literalmente "caiu do céu". Ela também é paraquedista nas horas de folga, e uma das principais diversões de Henry é fazer vídeos dos saltos da namorada.

Família e filhos estão nos planos de Henry (nas gavetas de número 1 e número 2, brinca o oficial). Mas, para isso, a namorada primeiro tem de terminar o curso de Direito.

Henry também pensa em sair da Alemanha num futuro distante, quando deixar a ativa. Ele gostaria de ir para Cuba. Foi lá que Henry e a namorada passaram as melhores férias de suas vidas. "Sou apaixonado por charrutos. Posso relaxar e meditar fumando um charruto cubano. Isso é satisfação para mim", explica.

Autor: Mikhail Bushuev (as)
Revisão: Rodrigo Rimon