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O país dos solteiros

Roselaine Wandscheer27 de agosto de 2003

Número de pessoas que vivem sós na Alemanha chega a 17% da população. Acusados de egoístas por alguns, de não se preocuparem com o futuro da previdência, por outros, solteiros convictos têm estilo de vida próprio.

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Antes só do que mal acompanhadoFoto: Bilderbox

Calcula-se que na Alemanha haja 13,5 milhões de singles, como são chamadas no país as pessoas que vivem sós. O microcenso alemão de 2002 apontou que 37% dos lares são habitados por apenas uma pessoa; 33%, por duas e 30%, por mais de três pessoas. Só a título de comparação, em 1991, haviam sido 35%, 31% e 34%, respectivamente.

Em pleno auge dos debates sobre a reforma da previdência e do sistema de saúde, motivados pelo aumento da expectativa de vida e pela média de 1,3 filho por mulher, os singles por opção tornaram-se "o" alvo das críticas.

Estilo de vida próprio – A maioria dos que moram sozinhos na Alemanha concentra-se nos grandes centros urbanos, onde quase 50% dos lares são ocupados por apenas uma pessoa. Um estilo de vida que encontra cada vez mais confirmação na sociedade moderna. Se parceiros são fator de chateação e filhos motivo de empobrecimento, para que tê-los?

Ricos e saudáveis, este tipo de solteiros com fatia garantida na mídia são alvos de programas televisivos e das agências de propaganda. Sua vida é mais intensa, mais emocionante, tem mais aventura.

Juntos separados – O fato de morarem sozinhos não significa que tenham abdicado de parceiros para os momentos de lazer. Trata-se de uma nova forma de vida, que pode ser criticada de egoísta, chamada "living apart together", ou seja, viver juntos, morar separados.

O número de singles alemães absolutamente solteiros é desconhecido. Sociólogos calculam que seja entre 3 e 4 milhões. Caso de Sylvia, por exemplo, que não quer revelar nome nem idade. Ela "encheu o saco" de levar bolos, ter namoros fracassados e dores de cotovelo. Resolveu organizar sua vida sozinha, mas pensou que seria mais fácil:

- Quando me convidam para festas, a pergunta é sempre: com quem virá? Quando participo de uma excursão, o banco do meu lado fica vazio ou senta alguém completamente desconhecido. Em suma, acho que nossa sociedade baseia-se na vida em casal.

Preconceitos – "Embora o índice de singles esteja em crescimento, muitos sentem-se como se fossem uma doença, principalmente fora dos grandes centros urbanos", reclama o solteiro Jens.

Já nas cidades, o fato de pessoas morarem sós é tão bem aceito que gerou um enorme mercado voltado para eles, seja de festas, anúncios para contatos ou agências de procurar parceiros.

Um mercado promissor, que abrange desde os que organizam jantares com parceiros desconhecidos aos que oferecem chats ou bolsas de contato para singles na internet. Desconhecida continua, entretanto, a cota dos que preferem viver nesta opção simplesmente porque ainda não encontraram o parceiro para o resto da vida.