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O que causa a enxaqueca?

Gudrun Heise (md)6 de setembro de 2015

Fortes dores de cabeça, náuseas e vômito são característicos do transtorno neurológico. Pela primeira vez, cientistas investigam ligação entre condições climáticas e o mal que acomete milhares de pessoas mundo afora.

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Foto: picture alliance/dpa/M. Gröning/SZ

"O intuito é investigar a causa das crises de enxaqueca. Sabe-se que existem certos fatores, mas muito nessa área ainda não foi pesquisado", explica Jörg Scheidt, do Instituto de Sistemas de Informação da Universidade de Ciências Aplicadas de Hof, na Alemanha. Ali foi desenvolvido o chamado Radar da Enxaqueca, que tenta medir o impacto do clima sobre o transtorno neurológico.

Cerca de mil voluntários já se inscreveram no projeto. Todos sofrem de enxaquecas. Scheidt, que espera contar com um total de 6 mil participantes, começou a coletar dados em 1° de junho deste ano. Os pacientes podem se registrar através de um site e fazer uma espécie de diário eletrônico. A partir de outubro, isso também será possível através de um aplicativo para Android.

"O estudo é o primeiro do mundo que investiga se há uma relação entre clima e enxaqueca", afirma Roland Brand, da Clínica para Enxaqueca e Dor de Cabeça Königstein. "Um em cada dois pacientes diz 'percebo que o clima é uma causa'. Mas não há no mundo um único estudo que comprove isso. O Radar da Enxaqueca visa coletar dados na Alemanha, Suíça e Áustria." A clínica em Koenigstein e o Hospital Universitário de Rostock estão envolvidos no estudo.

O clima tem um lugar central na pesquisa. Em que estado, em quais áreas houve mais crises de enxaqueca? Houve, ao mesmo tempo, talvez, uma mudança sensível na pressão do ar ou temperaturas extremas? Existe uma conexão? Os dados recolhidos são comparados com os do Serviço Meteorológico Alemão (DWD).

"Se ficar evidente que determinadas condições meteorológicas provavelmente desencadeiam uma enxaqueca, então, o paciente pode, talvez, lidar melhor com sua doença e adotar precauções", explica Scheidt. "Se são anunciadas tais condições meteorológicas, o paciente de enxaqueca não vai necessariamente marcar compromissos importantes nesse período e vai, talvez, tentar reduzir um possível estresse."

Enxaqueca do fim de semana

Além do clima, outros fatores são analisados no estudo. O paciente é hom,em ou mulher? Tem que idade? É aposentado? Estudante? Trabalha em tempo integral ou parcial?

O estresse ou a falta de rotina podem levar a uma enxaqueca. Sobretudo pessoas que trabalham em regime de turnos são mais afetadas. Isso pode desencadear uma crise e, no pior dos casos, num momento bastante inconveniente: o fim de semana. "Com os dados que reunimos até agora, vemos que crises de enxaqueca são muito comuns nos sábados, por exemplo", afirma Scheidt.

Uma em cada dez pessoas na Alemanha sofre de enxaquecas, tendo muitas vezes crises acompanhados de náuseas e vômitos. Escurecer o quarto, deitar, tomar um comprimido contra enxaqueca. Estas são as opções que podem ajudar quem sofre do mal.

"A enxaqueca é uma desordem de base genético-neurológica", explica Brand. "Se você tem a predisposição genética para enxaqueca, então, você a tem ao longo de toda sua vida."

No Radar da Enxaqueca, serão usados métodos modernos de filtragem de dados e de inteligência artificial. Os participantes permanecem anônimos, têm seus dados criptografados, e os resultados podem ser consultados individualmente. "Nós programaremos as avaliações, e elas serão geradas, por computador, especificamente para esses pacientes. É claro que apenas a pessoa pode ver os dados dela", ressalta Scheidt.

Brand considera o estudo importante independentemente do resultado. "Se descobrirmos que não há relação alguma [com o clima], isso também é cientificamente interessante. Eu ficarei contente se obtivermos mais clareza nessa área." O estudo ainda deve durar mais dois ou três anos.