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O terror está cada vez mais próximo

Estelina Farias28 de novembro de 2003

Militantes islâmicos não estão penetrando na Europa Ocidental. Eles já se encontram há muito tempo na região. Só a Alemanha, que abriga o maior centro estratégico dos EUA na Europa, já contou 69 grupos de extremistas.

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57% dos alemães temem ataques terroristas como os de IstambulFoto: AP

Os países potencialmente mais ameaçados pelo terrorismo internacional são a Alemanha, onde se encontram 70 mil do total de 119 mil soldados dos Estados Unidos estacionados na Europa, a Grã-Bretanha, porque participou da guerra no Iraque, e a Itália, porque mandou para lá quase 3 mil soldados. A França também integra a lista de países ameaçados, em virtude do grande número de imigrantes islâmicos oriundos de suas ex-colônias.

Meio ano após o começo da intervenção anglo-americana no Iraque, as autoridades de segurança e peritos alemães em terrorismo são de opinião unânime de que nada mudou: a ameaça permanece latente. Mas, depois das duas séries de atentados em Istambul contra alvos de Israel e da Grã-Bretanha, com 57 mortos e mais de 450 feridos, muitos alemães temem que os atentados estejam se aproximando cada vez mais da Alemanha. Mais de 57% dos mil homens e mulheres consultados pelo Instituto Forsa disseram que têm medo de ataques de suicidas semelhantes aos que aconteceram na metrópole turca.

Atração

de terroristas - Não só manchetes na imprensa como "Al Qaeda às portas da Europa" e "Al Qaeda avança para a Europa" despertam medo. O serviço secreto alemão já contou 69 organizações de estrangeiros extremistas no ano passado. Esta ameaça latente parece muito maior para os que a associam com o fato de o maior centro de estratégia militar dos americanos estar na Alemanha. Muitos alemães vêem as bases militares dos EUA como alvos potenciais de ataques e pontos de atração de radicais islâmicos.

O Pentágono planeja transferir para a Polônia 20% de seus 70 mil soldados estacionados na Alemanha, segundo divulgou o jornal alemão Süddeutsche Zeitung. Mas mesmo assim permaneceria em solo alemão o maior centro militar da única superpotência mundial na Europa. Nos tempos da Guerra Fria, eram 300 mil soldados americanos na Alemanha.

O presidente americano, George W. Bush, abriu o debate sobre a política de estacionamento de tropas, na quarta-feira (27), e prometeu consultar os aliados. Bush justificou que os novos perigos no mundo e os focos de conflito delineados criaram a necessidade de uma discussão sobre reforço de tropas e equipamentos bélicos. Seu secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, pronunciou-se de forma semelhante. Os dois destacaram a importância de consultas estreitas aos aliados e ao Congresso americano. Rumsfeld deverá informar a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) sobre os detalhes na próxima semana.

Internamente, a Casa Branca já teria se decidido pela transferência de tropa da Alemanha para a Polônia, segundo o Süddeutsche Zeitung. O governo polonês apoiou a guerra no Iraque, enquanto o alemão liderou a resistência contra a intervenção militar anglo-americana. Até a eleição presidencial no ano que vem nos Estados Unidos, decisões sobre estacionamento de soldados americanos no exterior são questões muito sensíveis.

Grupos radicais e alvos em potencial

- A repartição alemã que coordena os serviços secretos dos estados alemães já identificou em 2002 exatamente 69 grupos de estrangeiros extremistas. Juntos, eles contam com 57.350 membros e partidários. Um estudo da polícia federal mostrou que a situação permanece inalterada e que a maior ameaça paira sobre instituições americanas, britânicas e judaicas. Mas também as francesas, australianas, canadenses, espanholas, polonesas e russas podem ser alvos de ataques terroristas.

A polícia federal estima em 200 o número de fanáticos que ameaçam a segurança na Alemanha. Agentes seus dizem não ser necessário muita fantasia para listar os alvos mais prováveis da ameaça abstrata que os fanáticos representam: embaixadas, consulados, usinas atômicas, estações de metrô e de tratamento d'água, estádios de esporte, igrejas e, naturalmente, sinagogas.