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Observadores duvidam que protestos da F1 ajudem xiitas do Barein

22 de abril de 2012

Parte da oposição teme efeito contrário, após o Grande Prêmio. Observadores esportivos apontam perdas para F1 como instituição. Apesar de vitória de Sebastian Vettel, mídia fala de derrota "de quase todos os envolvidos".

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Foto: Reuters

A tensão se mantém elevada no reino do Barein, no dia do Grande Prêmio de Fórmula 1, vencido pelo pilotão alemão Sebastian Vettel. Com gás lacrimogêneo e granadas de som do lado da polícia, e pedras e coquetéis molotov do lado do oposicionistas, os conflitos de rua se mantiveram na capital Manama, desde a manhã deste domingo (22/04). A violência estatal é a resposta às exigências da reprimida maioria xiita para que o rei sunita Hamad bin Issa al-Khalifa renuncie.

Unruhen in Bahrain
Choques de rua num bairro de ManamaFoto: Reuters

Versões conflitantes

Na madrugada de sábado, o corpo do ativista Abbas Habib Musa, de 36 anos, foi encontrado sobre um telhado de Manama. Segundo o Departamento de Informação local, as primeiras investigações indicam tratar-se de homicídio. A oposição alega que Musa foi morto a tiros, e que ele era uma figura de destaque do Movimento de 14 de Fevereiro, o qual lidera há mais de um ano os protestos dos xiitas contra a casa real do Barein.

Os manifestantes também exigem a libertação do ativista dos direitos humanos Abdulhadi al-Khawaja, que há mais de dois meses se encontra em greve de fome. O Ministério do Interior afirma que ele goza de "boa saúde", e que neste domingo se encontrará com o embaixador dinamarquês. O oposicionista de nacionalidade dano-barenita foi preso no início de 2011 e condenado à prisão perpétua.

Durante os protestos, o rei Hamad declarou num comunicado ser "pessoalmente a favor de reformas e de conciliação em nosso magnífico país": "A porta para um diálogo sério com todo o povo está sempre aberta". Além disso, seu governo já teria apresentado franco sucesso no tocante a reformas. "Precisamos prosseguir nesse caminho das reformas." O monarca aventou ainda a possibilidade de conversas com a oposição.

Corrida de perdedores

Veementes protestos contra Hamad acompanharam os preparativos para o evento de Fórmula 1. Apesar da forte presença policial, jovens voltaram a atear fogo a pneus nas proximidades do torneio, neste domingo.

Formel 1 Sebastian Vettel 2012 Bahrain Formel Eins Grand Prix
Alemão Sebastian Vettel partiu na 'pole position' e venceu Grande PrêmioFoto: picture-alliance/dpa

Em 2011, a corrida no Barein foi cancelada, depois que numerosos manifestantes morreram em choques com forças de segurança. Na época, a violenta repressão aos protestos contou com o apoio da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos.

Este ano, a exigência inicial dos ativistas era que o evento fosse cancelado, mas então a maioria acabou optando por aproveitar a atenção internacional em torno do evento automobilístico, para atrair a atenção para as violações aos direitos humanos em seu país.

Entretanto, uma parte considerável dos oposicionistas barenitas teme que essa publicidade de curto prazo não os ajude em suas reivindicações, provocando, antes, o efeito contrário. "Quando a Fórmula 1 tiver passado, as repressões continuarão, só que o mundo não ficará sabendo de nada", antecipa o líder xiita Nabeel Rajab.

Observadores esportivos também criticam a Fórmula 1 ter colocado em risco sua reputação institucional, ao insistir no torneio, apesar da situação política no Barein.

Apesar de o piloto alemão Sebastian Vettel ter conseguido em Barein sua primeira vitória da temporada, segundo Christian Hollmann, da agência de notícias alemã DPA, "praticamente todos os envolvidos sairão como perdedores". O jornal inglês The Observer fala de "uma das horas mais negras da F1".

AV/dw/dapd/dpa/afp/rtr
Revisão: Carlos Albuquerque