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Ocidente insatisfeito

Andi Noll (sm)8 de fevereiro de 2009

A Conferência de Segurança se encerra em Munique, enfocando problemas pendentes no Afeganistão. Aliados ocidentais e governo afegão apontam falhas na missão internacional.

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Presidente afegão, Hamid Karzai, faz um quatro realista da situação em seu paísFoto: AP

Os problemas no Afeganistão foram o tema central do último dia da Conferência de Segurança de Munique, encerrada neste domingo (08/02).

A violência no país tem aumentado, apesar da presença de 10 mil soldados estrangeiros sob comando da Otan. Além da falta de segurança, o plantio de drogas e a fraqueza do governo central afegão ainda são sérios motivos de preocupação, sete anos após o início da missão da aliança transatlântica.

Continuar assim está fora de questão para o novo governo norte-americano, explicou o vice-presidente Joe Biden: "O presidente Obama ordenou uma reavaliação da nossa política no Afeganistão e no Paquistão. Queremos metas claras e possíveis de serem atingidas. E, ao reavaliarmos nossa política, estamos abertos a ideias e propostas de nossos aliados".

Mesmo que ainda haja espaço para discussões, a base da nova política de Washington para o Afeganistão já está sedimentada. O número de soldados norte-americanos no país vai duplicar para 60 mil, a cooperação com o Paquistão deverá ser mais estreita e o trabalho de reconstrução civil deverá adquirir maior importância.

Desequilíbrio dentro da Otan

Biden não chegou a formular exigências concretas aos aliados europeus. Em compensação, o secretário geral da Otan, Jaap de Hoop Scheffer, colocou o dedo na ferida: "Fico seriamente preocupado ao ouvir que os americanos querem se empenhar mais no Afeganistão e que outros aliados já estão se recusando a fazer mais. Isso não é bom para o equilíbrio político dessa missão e dentro da Otan".

Todos os países-membros da aliança transatlântica esperam do governo em Cabul progressos no Afeganistão. Em Munique, o presidente afegão, Hamid Karzai, fez um balanço realista da reconstrução. Segundo ele, ainda não se conseguiu concretizar a visão de um retorno à normalidade. No governo ainda há corrupção, a situação de segurança é insatisfatória e o Talibã está de volta em pelo menos dez províncias.

No entanto, ressalvou Karzai, a associação que o governo norte-americano faz entre o Afeganistão e a produção de drogas seria errada. Ele argumentou que o dinheiro provindo da plantação de drogas não fica no país e nem é oficialmente utilizado pelo Estado. No geral, o plantio de ópio aumentou nos últimos sete anos, porém haveria diminuído em toda a região onde o governo afegão assumiu o problema, declarou Karzai.

A chance de o presidente Karzai prosseguir nesse caminho não depende só do resultado das eleições presidenciais deste ano. Afinal, a distância entre Karzai e o Ocidente cresceu nitidamente nos últimos meses e a frustração quanto à falta de influência sobre o governo central aumentou entre os países envolvidos na missão.

Por um Estado descentralizado

Em abril passado, durante a cúpula comemorativa da Otan, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, declarou que a estrutura do Estado afegão deveria ser muito mais regional e bem menos central, a fim de dar conta dos hábitos das diferentes tribos do país.

A Alemanha vê como sua tarefa, além da ajuda civil, sobretudo o apoio à estruturação das forças de segurança afegãs – uma prioridade na qual o presidente Hamid Karzai também está empenhado.

Para este, no entanto, a chave para uma reconstrução com maior êxito está no exterior: "O que falta é uma melhor coordenação na comunidade internacional. Gasta-se muito dinheiro, mas nem as Nações Unidas, nem o governo afegão, nem os países doadores sabem onde e como os recursos são gastos. Por isso, é extremamente importante que haja uma ajuda eficiente".