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Onde as loiras levam vantagem

rw10 de janeiro de 2004

É mais difícil provar o uso de drogas em pessoas louras. Resultado dos testes depende da quantidade de pigmentos no fio capilar e do método para a detecção, provam cientistas alemães.

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Em cabelos claros é mais difícil detectar drogasFoto: bilderbox

Seja qual for a acusação ─ no trânsito, consumo de entorpecentes ou doping ─, a medicina legal pode comprovar a culpa do indiciado através de seus fios de cabelo. Os resultados destes testes podem decidir destinos… às vezes de forma errada. Estudos realizados por pesquisadores de uma equipe de Medicina Forense das universidades alemãs de Heidelberg e Mainz demonstraram que, em geral, as provas não levam em conta o nível de pigmentos existentes no cabelo. Um pequeno detalhe, mas que pode ser fundamental.

O que diferencia as peles claras das morenas é a quantidade de melanina. Esta atrai outras substâncias que circulam pelo corpo humano. Desta forma, explica-se por que quem tem cabelo escuro pode armazenar, por exemplo, mais resquícios de determinadas substâncias do que um louro. Isto significa que, embora um moreno e um loiro tenham ingerido a mesma quantidade de entorpecentes, o de pele escura tem muito mais chances de ser flagrado. Preocupado com esta injustiça, o professor Rainer Mattern, do Instituto de Medicina Forense da Clínica Universitária de Heidelberg, defende a criação de padrões científicos para este tipo de análise capilar.

Questão de método

Ein Haar unter dem Elektronenmikroskop
Um fio de cabelo sob o microscópio eletrônico

Mas isto não é tudo, a melanina não absorve sempre a mesma quantidade da substância ingerida. Há variações, dependendo do produto ingerido. A equipe de cientistas analisou o grau de absorção entre melanina e dois psicofármacos, que chamaremos de A e B, que em questão de alguns dias estavam completamente absorvidos. Através da marcação radioativa destas substâncias, eles conseguiram determinar a quantidade do produto que foi absorvida em cada caso. O resultado foi surpreendente: enquanto do psicofármaco A foram absorvidos 30%, do B foram de 80%.

As pesquisas para a comprovação de substâncias na melanina capilar inclusive renderam um prêmio de reconhecimento à professora Gisela Skopp, toxicologista forense no Instituto de Medicina Legal de Heidelberg, ao biólogo Dino Magnani, e à professora universitária Lucia Pötsch-Schneider.

Questão interpretativa exige padronização

Há muitos laboratórios que trabalham com a análise capilar para a determinação, por exemplo, do nível de doping de um atleta. O resultado, entretanto, é uma questão interpretativa, e por isso pode ser subjetivo, adverte Mattern. Além disso, os pesquisadores lembram que a averiguação da presença de substâncias estranhas depende tanto da concentração de melanina como da do produto em questão.

Estas ponderações levaram as associações alemãs de Medicina Forense e de Toxicologia a defenderem a criação de critérios, seja em nível estadual ou federal. Seu objetivo é a padronização de todo o processo de apuração, desde a coleta de material até a formulação da conclusão.