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ONG afirma que Oriente Médio é a região mais mortal para jornalistas

23 de dezembro de 2014

De 60 profissionais mortos no exercício da profissão em 2014, um quarto eram correspondentes internacionais. Síria é o país mais perigoso para os jornalistas.

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Sotloff (centro, de capacete escuro) foi morto pelo "Estado Islâmico". Na foto, ele cobre a revolta na Líbia, em 2011Foto: Malglaive/Getty Images

Uma avaliação anual do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) concluiu que o ano de 2014 foi extremamente perigoso para os correspondentes internacionais, que representam uma "proporção elevada incomum" entre os jornalistas que morreram no exercício da profissão.

Em 2013, o CPJ havia computado 70 mortes. Destas, 9% eram de jornalistas estrangeiros. Já neste ano, um quarto das 60 vítimas eram correspondentes internacionais. Essa situação reflete a "natureza cada vez mais volátil das zonas de conflito, nas quais os [jornalistas] ocidentais são alvos de ataques deliberados", afirma a ONG.

Em seu relatório, publicado nesta terça-feira (23/12), a organização divulgou que 44% dos 60 jornalistas mortos em 2014 foram vítimas de assassinatos. Segundo o comitê, oito países, incluindo Somália, Paquistão e Brasil, estão no topo da lista do "Índice da Impunidade", ou seja, locais onde os assassinos muitas vezes não são punidos.

Correspondentes ocidentais na mira

Quase metade das mortes de jornalistas em 2014 aconteceu no Oriente Médio, e 38% perderam a vida em zonas de combate ou em tiroteios. O perigo de trabalhar como jornalista internacional voltou a ficar evidente quando Anja Niedringhaus, uma repórter alemã da agência Associated Press (AP), foi morta por um policial enquanto cobria as eleições no Afeganistão.

James Foley Journalist Reporter Libyen
O americano James Foley, na foto em um trabalho na Líbia, em 2012, foi decapitado pelo "Estado Islâmico"Foto: dapd

Em agosto, militantes do "Estado Islâmico" (EI) decapitaram os jornalistas James Foley e Steven Sotloff. Foley foi sequestrado há dois anos na Síria. Ele foi a primeira vítima que teve o vídeo de sua execução divulgada na internet pelo grupo extremista. Duas semanas depois, Sotloff, sequestrado no ano passado, teve o mesmo destino.

O conflito na Síria, agora em seu quarto ano, se reflete nas estatísticas. Segundo o relatório do CPJ, ao menos 17 jornalistas foram mortos no país em 2014, e ao menos 79 perderam suas vidas desde o começo da guerra civil, em 2011. A Síria foi o país onde mais jornalistas morreram em 2014.

A guerra de 50 dias na Faixa de Gaza, entre Israel e forças palestinas, matou ao menos quatro jornalistas e três outras pessoas trabalhando para a imprensa, como, por exemplo, tradutores. No Iraque, ao menos cinco jornalistas perderam suas vidas enquanto cobriam a saga terrorista do "Estado Islâmico".

Últimos três anos foram os mais mortais

A disputa territorial no leste ucraniano, entre Kiev e separatistas pró-Rússia, causou também a morte de cinco jornalistas e dois funcionários de empresas de comunicação. As mortes foram as primeiras contabilizadas pelo CPJ na Ucrânia desde 2001.

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A fotógrafa alemã Anja Niedringhaus foi morta por um policial enquanto cobria as eleições no AfeganistãoFoto: picture-alliance/AP Photo

Apesar da elevação no percentual de jornalistas internacionais, o CPJ alertou que os repórteres locais continuam sendo os mais ameaçados. Na Síria, por exemplo, 20 jornalistas estão desaparecidos. Estima-se que eles foram detidos pelo EI.

A pesquisa do CPJ mostrou também que os últimos três anos foram os mais mortais para os jornalistas. Porém, o comitê reiterou que, por possuir um método de pesquisa diferente, a sua contagem de mortos pode ser significativamente menor do que a de outras organizações de vigilância da segurança dos jornalistas.

O CPJ ainda está investigando a morte de outros 18 jornalistas em 2014. Mortes em acidentes de carro, quedas de aviões e doenças, desde que não sejam resultado de "ações hostis", não entram no cálculo do comitê.

O CPJ, que recolhe dados sobre todos os jornalistas mortos em situações relacionadas com o trabalho desde 1992, afirmou ainda que cerca de 70% dos repórteres morreram enquanto faziam reportagens de temas políticos.

PV/ap/lusa/rtr/afp