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ONGs alemãs desapontadas com conferência da FAO

Laís Kalka13 de junho de 2002

Organizações de ajuda humanitária criticam resultados magros da conferência de cúpula da Organização de Alimentação e Agricultura (FAO) da ONU, encerrada em Roma nesta quinta-feira (13).

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No sul da África, 13 milhões de pessoas estão ameaçadas de morrer de fomeFoto: AP

"Chega de promessas, está na hora de agir", advertiu o secretário-geral da ONU, Kofi Annan ao abrir, na segunda-feira (10) em Roma, a conferência de cúpula da FAO que tinha por tema o combate à fome no mundo. E, ao encerrar o encontro, nesta quinta-feira, o presidente da Itália, Silvio Berlusconi, asseverou que a fome é, ao lado do terrorismo, o problema mais premente para a comunidade internacional. Entre as duas declarações, muitos discursos de representantes de 180 países e resultados considerados magros pelas ONGs de ajuda humanitária.

Para a Ação Agrária Alemã, o documento final não contém nada de novo. Acordos já deliberados em encontros anteriores foram requentados e apresentados em roupagem nova, muitos até de forma diluída, lamenta a ONG alemã. E os países em desenvolvimento, assevera, deixaram de ser chamados à responsabilidade, sobretudo no sentido de encaminharem as tão necessárias reformas agrárias.

"O que se apresentou aos famintos deste mundo foi de novo um prato sem nada em cima", criticou Bernhard Walter, especialista em alimentação do Serviço de Ajuda ao Desenvolvimento da Igreja Evangélica. Continuar dando preferência ao fornecimento de alimentos em forma de donativos é problemático, porque desta forma países como os EUA se livram de seus excedentes de produção, acrescentou.

As ONGs participantes da conferência em Roma apontaram a exportação de produtos agrários baratos (porque subvencionados) pelos países do Hemisfério Norte e a monopolização do comércio mundial pelos conglomerados internacionais como os maiores agravantes da fome.

Confirmação da meta sem medidas concretas

Na declaração intitulada "Aliança Internacional Contra a Fome" e aprovada já na segunda-feira, os países participantes corroboraram a meta, estabelecida já em 1996 na conferência de cúpula anterior, de reduzir à metade o número de famintos no mundo até 2015. Novo é o reconhecimento do "direito à alimentação", que foi acrescentado agora, bem como o compromisso de desenvolver, no prazo de dois anos, "diretrizes voluntárias" para a implementação desse direito.

A declaração, saudada pela ministra alemã da Agricultura Renate Künast, como "passo na direção certa", não estabelece, contudo, medidas concretas. De 1996 para cá, o número de famintos reduziu-se apenas dos 830 milhões computados então para 800 milhões. Mas o apelo da FAO aos países industrializados para investirem 24 bilhões de dólares por ano num programa antifome não teve o menor eco. E a introdução de um código de comportamento internacional, defendida pela ministra alemã, malogrou principalmente por causa da resistência dos EUA.