1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

ONU diz que 300 morreram ao tentar cruzar o Mediterrâneo

11 de fevereiro de 2015

Imigrantes africanos estavam em quatro botes de borracha que deixaram a costa da Líbia e enfrentaram chuva, vento e frio. Embarcação com cem pessoas continua desaparecida.

https://p.dw.com/p/1EZgp
Guarda costeira italiana resgatou sobreviventes e levou-os até LampedusaFoto: picture-alliance/epa/Italian Coast Guard Press Office

Mais de 300 imigrantes que tentavam cruzar o Mar Mediterrâneo rumo à Europa foram dados como desaparecidos após relatos de sobreviventes nesta quarta-feira (11/02), segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

Os quatro botes de borracha que transportavam os imigrantes a partir da costa da Líbia enfrentaram dificuldades em meio a fortes chuvas e ventos, ondas de até oito metros de altura e muito frio.

Cada um dos botes transportava pouco mais de cem pessoas, expostas ao frio e à chuva. O primeiro bote com 105 passageiros foi resgatado no domingo pela guarda costeira italiana. Sete passageiros estavam mortos, e outras 22 morreram de hipotermia durante o resgate.

Nesta quarta-feira, mais nove sobreviventes de outros dois botes chegaram a Lampedusa, resgatados por um rebocador. Num bote, apenas dois dos 107 passageiros sobreviveram. No outro foram sete sobreviventes entre 109 passageiros. Os sobreviventes relataram que há ainda um quarto bote, que está desaparecido.

Segundo o Acnur, os quatro botes deixaram a costa da Líbia juntos, sem comida ou bebida, e começaram a acumular água pouco depois da partida. A nacionalidade dos sobreviventes e dos desaparecidos ainda não foi divulgada, mas grande parte dos imigrantes fugia dos conflitos no Iraque, na Síria e no Mali.

"Esta é uma tragédia de larga escala, além de um contundente alerta de que mais vidas podem ser perdidas se as pessoas que buscam segurança fora de seus países forem abandonadas à própria sorte no mar", declarou Vincent Cochetel, diretor do escritório do Acnur para a Europa.

Críticas à UE

Em nota à imprensa, o Acnur reitera sua preocupação com a falta de uma "robusta operação de busca e resgate" no Mediterrâneo. "A operação Triton, liderada pela Frontex, a agência europeia de proteção de fronteiras, não está focada em busca e resgate e não provê os instrumentos necessários para cooperar neste momento de crise. Salvar vidas deveria ser a prioridade da União Europeia", diz o comunicado.

A União Europeia (UE) assumiu o controle das patrulhas no Mediterrâneo depois que a Itália encerrou a operação Mare Nostrum, em novembro passado. A iniciativa italiana havia sido lançada em 2013, depois que 360 imigrantes morreram diante da costa de Lampedusa.

A operação Triton atua a apenas alguns quilômetros da costa europeia e tem como função patrulhar as fronteiras do continente, enquanto os barcos da Mare Nostrum operavam até a costa da Líbia.

Assim como a ONU, a Anistia Internacional e outras organizações de ajuda humanitária também criticam as operações da UE. A organização internacional Save The Children pede que o bloco retome a Mare Nostrum urgentemente, "ou outro sistema de resgate que tenha a capacidade e os meios para evitar outras tragédias".

Em 2014, ao menos 218 mil pessoas, incluindo imigrantes e refugiados, cruzaram o Mediterrâneo, segundo o Acnur.

LPF/ap/afp