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"Estado Islâmico" deve ser combatido militarmente

Alexander Kudascheff (ca)8 de setembro de 2014

Apesar das dificuldades e objeções, só uma grande coalizão pode fazer frente a essa loucura fundamentalista, opina o editor-chefe da DW, Alexander Kudascheff.

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O "Estado Islâmico" (EI) não deve ser contido – ele deve ser destruído. Primeiro militarmente, depois politicamente, com o fim do fascínio exercido pelo jihadismo e com o esvaziamento do ambiente simpatizante. Mas, inicialmente, a milícia terrorista deve ser combatida.

Alexander Kudascheff
Alexander Kudascheff é editor-chefe da DWFoto: DW

Os olhos, claro, se voltam para os EUA e para todo o Ocidente. A Otan pelo menos formou uma coalizão de dez países aliados para combater o EI. Entre eles está também a Alemanha, que até agora só quis acompanhar de forma política o que eventualmente pode vir a ser executado militarmente.

Uma coisa, porém, está clara para todos: a guerra contra o "Estado Islâmico" no Iraque e na Síria não pode ser conduzida unicamente pelo Ocidente, mas somente em conjunto com parceiros – pois, se os EUA agirem sozinhos ou com o Reino Unido, isso logo seria propagandisticamente visto como uma "cruzada".

São necessários, portanto, aliados da região: em primeiro lugar, o próprio Iraque e seu governo xiita, ainda que por poucos admirado. Só que o Exército iraquiano está desmoralizado e enfraquecido.

Além disso, o governo central em Bagdá tem muitos adversários, entre eles tribos sunitas e também o que restou do partido de Saddam Hussein, o Barth, que atua na clandestinidade. O governo central teria de enfrentar duas frentes de guerra, o que não está em condições de fazer.

Outro parceiro em potencial na luta contra o EI se encontra justamente em Damasco: o presidente sírio, Bashar al-Assad, que até agora foi combatido pelo Ocidente. Uma cooperação com o ditador seria fatal e é, de fato, inimaginável, mas o "Estado Islâmico" não pode ser derrotado sem Assad. Trata-se de um pesadelo político – afinal de contas, o Ocidente aposta há muito na queda de Assad –, mas também de uma inevitável realpolitik.

Além disso, há os curdos, que estão agora sendo abastecidos com armas. Porém, é previsível que, caso eles venham a vencer, o seu desejo por um Estado curdo independente será avassalador, o que ninguém realmente quer.

Por fim, há o Irã, que ainda se mostra reticente, mas que deve intervir se os xiitas iraquianos estiverem realmente em apuros ou à beira de uma derrota ou se santuários xiitas, como Karbala, forem depredados.

E onde estão os países árabes? Egito, Jordânia, Arábia Saudita. Para eles, é inconcebível lutar ao lado de Assad ou dos xiitas iraquianos, por isso se abstêm. Talvez também para não proporcionar aos inimigos áreas de ataque dentro dos seus respectivos territórios.

Apesar disso, somente uma grande coalizão pode fazer frente ao "Estado Islâmico", também para mostrar que todos lutam contra a loucura fundamentalista do "califa" Abu Bakr al-Baghdadi.

Está claro que ninguém quer a tirania de um Islã pré-histórico, antimoderno. Está claro que a guerra contra o jihadismo é uma guerra justificada. E está claro que todos querem que o Oriente Médio seja um espaço de convivência religiosa, no qual muçulmanos, cristãos, yazidis e outras orientações religiosas possam viver lado a lado. Caso contrário, uma cultura de mais de 1.200 anos sucumbirá ao delírio de uma teocracia islâmica.