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Cem dias promissores

29 de abril de 2009

Ainda não é possível saber se o rumo tomado por Barack Obama é certo, mas os primeiros cem dias de governo do novo presidente dos EUA prometem, opina a correspondente em Washington Christina Bergmann.

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Barack Obama teve uma situação fácil nos primeiros cem dias de mandato. Afinal, ele tinha de fazer principalmente uma coisa: diferenciar-se de seu antecessor e de sua respectiva política. Não era um desafio especialmente difícil. Ao final do mandato de George W. Bush, seu índice de aprovação chegou a uma baixa recorde para presidentes americanos.

E também no exterior desejava-se que o novo presidente dos Estados Unidos fosse principalmente uma coisa: um anti-Bush. Para isso, Barack Obama tirou as cartas certas da manga logo após chegar ao poder: ordenou o fechamento do campo de prisioneiros de Guantánamo e a retirada das tropas americanas do Iraque, proibiu a tortura, estendeu a mão para a Rússia em busca de diálogo e apresentou um pacote conjuntural que prevê investimentos em educação e no sistema de saúde e anuncia uma nova política energética. E a lista não para por aí.

A abrangência de sua agenda é de tirar o fôlego. Fazer várias coisas ao mesmo tempo – isso está claro após cem dias de governo – faz parte dos talentos especiais de Obama. É verdade que, aqui e ali, ele apresenta pontos fracos. Ele se mostra hesitante quando questionado sobre a necessidade de uma comissão se ocupar ou não das atas sobre tortura no governo Bush. Também o grande anúncio de uma colaboração suprapartidária com os republicanos não se cumpriu até agora.

Mas, de um modo geral, ele continua cool, calmo e fiel às suas causas. Neste início de mandato, Barack Obama também mostrou que, apesar de de ser relativamente jovem e inexperiente em cargos políticos, tem competência para o cargo.

Três piratas mortos e um capitão de fragata a salvo testemunham que Obama não é um "banana de esquerda", como queriam pintá-lo os republicanos durante a campanha eleitoral. Os ataques com mísseis em território paquistanês também prosseguem na presidência de Obama – para descontentamento de muitos de seus adeptos.

Ou seja: Obama pode estender a mão ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e propor diálogo ao Irã; mas quando se trata da segurança nacional, ele não vacila um segundo em usar o poder militar dos Estados Unidos.

E os cidadãos americanos continuam lhe dando apoio. Uma pesquisa do Washington Post apontou que quase 60% dos consultados estão satisfeitos com a maneira de o presidente exercer seu mandato. Também no trato com a crise financeira internacional os americanos confiam nele. E 55% veem com otimismo o futuro econômico do país. Em fevereiro eram apenas 48%.

Nos primeiros cem dias, o presidente Obama cumpriu a promessa de fazer uma política diferente da de seu antecessor. Que ele só tenha podido anunciar as mudanças, na maior parte dos casos, deve-se à natureza dos fatos. Guantánamo não pode ser fechado de um dia para o outro, e o mesmo vale para a retirada das tropas do Iraque, a paz no Oriente Médio, a reforma do sistema de saúde e a recuperação da economia.

Cem dias de governo podem ser um número mágico – mas não bastam para medir o sucesso ou fracasso desta presidência. Só daqui a alguns meses ou até anos será possível saber se Barack Obama tomou o rumo certo. Mas hoje já se pode dizer: o começo é promissor.

Autora: Christina Bergmann
Revisão: Simone Lopes