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Opinião: Política de Trump deve ficar mais previsível

6 de abril de 2017

O prestígio e a influência do controverso e radical conselheiro Steve Bannon começa a minguar na Casa Branca. Essa é uma boa notícia para os aliados dos EUA, opina Miodrag Soric, correspondente da DW em Washington.

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Miodrag Soric é correspondente da DW em Washington
Miodrag Soric é correspondente da DW em Washington

A Casa Branca nunca foi lugar para amizades. Nela, conselheiros e ministros disputam duramente o poder e a proximidade do presidente. Steve Bannon, estrategista-chefe de Trump, foi retirado agora do Conselho de Segurança Nacional, grêmio no qual é definida a política externa e de segurança dos Estados Unidos.

Porta-vozes presidenciais tentam, com muitas palavras, minimizar essa expulsão. Mas, na realidade, começa o desmantelamento de um ideólogo de direita que contribuiu significativamente para o sucesso da campanha eleitoral de Trump. Bannon já se definiu como "leninista", afirmando que, como Lênin, ele também quer destruir o Estado.

Declarações como essa, assim como opiniões de direita nacionalista que ele mal disfarçava, já vinham há meses alarmando republicanos. “Por que tipo de pessoa sem escrúpulos Trump está sendo aconselhado?” se perguntavam. Para dizer mais claramente: Lênin era um criminoso ideologicamente ferrenho responsável pela morte de milhões de pessoas. Nenhum ser humano decente deve imitá-lo.

Por muito tempo, Trump varreu da mesa todas as objeções a Bannon. Agora, apenas dois meses depois de assumir o cargo, o presidente se encontra diante dos escombros de suas políticas: na Síria, são usadas armas químicas contra civis; a Coreia do Norte testa mísseis de médio alcance; o México ignora Washington; muitos aliados dos EUA estão preocupados. Trump não conseguiu, apesar de todos os anúncios, aprovar um único projeto de lei no Congresso. A estratégia de Bannon fracassou. Agora, apenas um em cada três americanos aprova a gestão do presidente.

Trump deve agir para reverter a maré. Ele não pode simplesmente se livrar de Bannon, que sabe demais sobre o que acontece nos bastidores do poder. Mas o presidente pode enfraquecer Bannon. Peça por peça.

Washington especula sobre quem teria puxado o tapete de Bannon. Seria o novo conselheiro de Segurança Nacional, general Herbert McMaster? O vice-presidente, Mike Pence? Senadores ou o genro de Trump, Jared Kushner? Pode ter sido todos juntos, mas isso é irrelevante.

O que é decisivo: Bannon perde influência, enquanto cresce novamente o prestígio de políticos profissionais, como o diretor da Inteligência Nacional, Dan Coats, ou o chefe de Estado-Maior, Joseph Dunfort.

Ambos foram chamados agora por Trump para o Conselho de Segurança Nacional. Isso deve tornar sua política externa e de segurança mais previsível. Isso agradará aos aliados dos EUA, mas nem tanto aos dirigentes de política externa e de segurança no Kremlin.

Bannon sempre se empenhou pela melhoria das relações com a Rússia. Tais iniciativas vão ser colocadas na geladeira. Enquanto comissões parlamentares de inquérito se ocupam com possíveis relações entre a equipe de campanha de Trump e Moscou, Washington não deve provocar nenhuma reviravolta nas relações russo-americanas.

A expulsão de Bannon do Conselho de Segurança Nacional terá consequências.