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Uruguai tem muitos desafios pela frente

Pablo Kummetz1 de dezembro de 2014

Apesar de país ter índices econômicos e sociais exemplares na América Latina, presidente eleito Tabaré Vázquez deverá enfrentar problemas em áreas como educação e infraestrutura, opina Pablo Kummetz, da DW.

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No final, o resultado foi claro: uma vantagem de 12,5% deu a vitória ao candidato da Frente Ampla, Tabaré Vázquez, antecessor e agora sucessor de José Mujica, sobre Luis Alberto Lacalle Pou, o desafiante da oposição. As cifras finais: 53,6% para Vázquez e 41,1% para Lacalle Pou.

Deutsche Welle Spanisch Pablo Kummetz
Pablo Kummetz, da redação espanhola da DWFoto: DW/P. Henriksen

Isso já era previsto. Apesar dos pronósticos prevendo uma disputa cabeça a cabeça no primeiro turno, a Frente Ampla conquistou, então, 48% dos votos, faltando pouco para obter a maioria absoluta. O segundo turno tornou-se, assim, quase mera formalidade.

Não é de surpreender. Os principais dados econômicos são demasiadamente bons para que a política do governo seja colocada em questão. Com quase 14 mil dólares de renda per capita anual, o Uruguai é classificado pelo Banco Mundial como um país de renda relativamente elevada. O crescimento entre 2006 e 2013 foi, em média, de 5,5%. Para 2014, a previsão é de cerca de 3%. A dívida pública foi reduzida de 100% do PIB, em 2003, para 60% este ano.

Os indicadores sociais também falam uma linguagem clara. A taxa de desemprego atingiu, com os atuais 6,2%, uma baixa histórica. De 2004 até hoje, a pobreza diminuiu de 39,9% para 11,5%; a pobreza extrema, de 4,7% para 0,5%. A distribuição de renda é uma das melhores da América Latina: 60% dos uruguaios pertencem à classe média. Os sistemas de segurança social funcionam. E o sistema de saúde é exemplar para a região.

Até aí, tudo bem. Mas no fundo isso não é nada novo. Até a década de 1950, o Uruguai era considerado a "Suíça da América Latina". Já no início do século 20 foram introduzidos a jornada de trabalho de oito horas, seguro-desemprego, escola e universidade gratuitas; o país era um dos mais progressistas da região.

Após a crise econômica em meados do século 20, resultado de uma política econômica protecionista, as revoltas romântico-revolucionários dos anos 70 e 12 anos de ditadura até 1985, o Uruguai pressiona agora o botão de "restart". Diante de si, no entanto, ainda tem numerosos desafios.

Nem sequer é possível dizer que o caminho está traçado. É inquestionável que o futuro pertence à sociedade do conhecimento. No último estudo Pisa, no entanto, o Uruguai ocupou o lugar 57 de 67. A educação será um dos desafios centrais dos próximos anos, no país.

A isso juntam-se os déficits de competitividade internacional, de diversificação da economia e de infraestrutura. Somente se as elites e o governo reconhecerem os sinais dos tempos, o Uruguai pode encontrar seu caminho de volta para o futuro. Para isso, a Frente Ampla recebeu agora mais cinco anos de governo.