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Os alunos estrangeiros e o ensino alemão

(am)10 de março de 2003

O estudo PISA de comparação do nível escolar foi um choque para a Alemanha, que ficou em 21º lugar entre 32 países. Uma nova pesquisa revelou que alunos estrangeiros reduzem o aproveitamento das classes escolares.

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Escolares alemães: o idioma é um dos problemas principaisFoto: DW

A nova pesquisa foi encomendada ao Instituto Max Planck pelo governo alemão e visou esclarecer as causas do péssimo resultado obtido pela Alemanha no estudo PISA (Programme for International Student Assessment) de comparação internacional do nível escolar, feito pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A análise trouxe à tona uma enorme discrepância das notas atribuídas ao desempenho dos alunos, de escola para escola.

O que mais chamou a atenção, no entanto, foi a constatação de que o nível das escolas com mais de 20% de alunos estrangeiros é muito mais baixo que o dos demais estabelecimentos de ensino. O resultado do estudo torna-se tanto mais polêmico pelo fato de que partidos conservadores de direita já tinham lançado mão de tal argumento para explicar a queda do nível do ensino alemão durante a campanha eleitoral do ano passado.

Nota baixa não só para estrangeiros

Diante disto, o diretor do Instituto Max Planck de Pesquisa do Ensino, Jürgen Baumert, viu-se obrigado a esclarecer melhor os resultados da análise. Segundo ele, as notas baixas que o sistema escolar alemão obteve no estudo PISA não teriam sido muito melhores, se os alunos estrangeiros tivessem sido excluídos da pesquisa. "Mesmo retirando os filhos de estrangeiros do estudo, nós ficamos em nível medíocre", afirma Baumert.

Além disto, existe uma enorme defasagem do ensino de estado para estado: enquanto na Baviera e em Baden-Württemberg os alunos estrangeiros alcançam um desempenho relativamente elevado, eles ficam em níveis baixíssimos em Schleswig-Holstein e Bremen, por exemplo. Neste contexto, Jürgen Baumert criticou não apenas a política educacional dos estados, mas também as diretorias de escolas, que só criam programas específicos de fomento dos alunos estrangeiros, quando o seu número já atingiu "um nível crítico". Nesse caso, é muito tarde para lograr êxito com as medidas de incentivo.

Deficiência no idioma

Também a encarregada do governo federal alemão para a política de integração dos estrangeiros, Marie-Luise Beck, reivindicou maior fomento dos filhos de imigrantes pelas escolas alemãs. A seu ver, esta tem de ser a principal conseqüência dos resultados do estudo internacional e também da análise detalhada do Instituto Max Planck.

O cerne do problema é a deficiência dos filhos de estrangeiros em relação ao idioma alemão. Isto ocorre mesmo entre as crianças nascidas na Alemanha, pois em geral crescem no seio das famílias, falando quase exclusivamente a língua de seus pais.

Marie-Luise Beck reivindica que seja feito um teste de conhecimento de alemão com toda criança, ao ingressar na escola. Onde houver deficiência, a escola deve oferecer então aulas adicionais de reforço, a fim de que o aluno estrangeiro possa alcançar o nível dos colegas alemães.

Crianças alemãs

A encarregada da política de integração rechaça, contudo, a sugestão de alguns políticos oposicionistas, de que transformar o domínio do idioma alemão em condição prévia para a matrícula das crianças na escola. Isto reduziria a chance dos filhos de imigrante de ter um desenvolvimento escolar paralelo ao das crianças alemãs da mesma idade.

Segundo Marie-Luise Beck, as chances de formação escolar na Alemanha também dependem extremamente das origens sociais. Pois os maus conhecimentos de alemão não se restringem aos filhos de imigrantes. Testes feitos com as crianças em idade pré-escolar, em Berlim, deixaram claro que a metade dos filhos de alemães também possui deficiência de conhecimento do idioma materno, apesar de falar alemão em casa e de ter freqüentado creches e jardins de infância alemães.