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Fronteiras abertas?

24 de fevereiro de 2011

Itália e vizinhos do sul querem que possíveis refugiados sejam distribuídos por todo bloco, mas Alemanha e Estados do norte rejeitam exigência e dizem que italianos estão semeando pânico ao falar em "êxodo bíblico".

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Refugiados da Tunísia chegam de barco à ilha italiana de Lampedusa, no MediterrâneoFoto: AP

O temor de uma onda de refugiados vindos da Líbia em caso de queda do ditador Muammar Kadafi está causando uma forte divisão entre os países-membros da União Europeia (UE). A Itália e outros países do Mediterrâneo exigem mais solidariedade dos parceiros de bloco. Já a Alemanha e países do norte se recusam a acolher tais refugiados.

O ministro alemão do Interior, Thomas de Maizière, voltou a argumentar nesta quinta-feira (24/02) com base em números de pedidos de asilo. "A Itália está sendo exigida, mas ainda está muito longe de estar sobrecarregada", afirmou. Estatísticas mostram que a Itália recebeu 6,5 mil pedidos de asilo político em 2010. Na Alemanha, foram 41 mil e na França, 48 mil.

O temor de uma onda de refugiados está também por trás da dificuldade de se aprovar sanções contra Kadafi. Alemanha e França pressionam por sanções, mas principalmente a Itália e Malta são contra. Caso sanções sejam aprovadas, Kadafi poderia se vingar abrindo as fronteiras da Líbia, argumentam estes dois países.

Há anos, o ditador é um aliado dos europeus, e isso inclui também a questão dos refugiados. As forças de segurança de Kadafi patrulham a fronteira líbia e impedem imigrantes africanos de fugir para a Europa.

Êxodo bíblico

Para os italianos, a União Europeia está à beira de uma situação de emergência. "Não podem nos deixar sozinhos, esse é o meu pedido", afirmou o ministro italiano do Interior, Roberto Maroni, durante um encontro em Bruxelas. Segundo ele, o governo italiano calcula que no mínimo 1 milhão de refugiados possam se dirigir à Europa vindos da Líbia. Roma fala num êxodo de proporções bíblicas.

Maroni provavelmente se referia ao número total de estrangeiros na Líbia, segundo informações da agência europeia de fronteiras Frontex. Especialistas da agência calculam que haja entre 500 mil e 1,5 milhão de estrangeiros na Líbia, oriundos de outros países africanos e também de asiáticos.

Os ministros de Alemanha, Áustria e Suíça criticaram duramente o governo italiano, que acusaram de estar interessado em semear pânico. O Ministério alemão do Exterior disse que é difícil fazer prognósticos sobre um possível número de refugiados vindos da Líbia. A Itália diz que na Líbia há 2,5 milhões de estrangeiros e que principalmente esses deixariam o país árabe.

A União Europeia já apoia a Itália na vigilância de suas fronteiras marinhas com a agência de fronteiras Frontex, que patrulha o Mar Mediterrâneo na costa italiana. Dez países participam da ação, entre eles a Alemanha.

As exigências da Itália são apoiadas por França, Espanha, Grécia, Malta e Chipre. Nas últimas semanas, cerca de 5 mil refugiados vindos do norte da África, principalmente da Tunísia, chegaram à ilha italiana de Lampedusa. Segundo De Maizière, apenas 50 destes pediram asilo.

AS/rtr/dapd/epd/dpa
Revisão: Roselaine Wandscheer