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Catástrofe

Pai de copiloto da Germanwings nega depressão do filho

24 de março de 2017

Dois anos após desastre que deixou 150 mortos, Günter Lubitz questiona alegação de que filho queria se suicidar e, por isso, teria provocado queda do avião nos Alpes franceses. Depressão já teria sido superada.

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Günter Lubitz PK
Günter Lubitz afirma que filho era responsável e não tinha motivos para suicídioFoto: picture-alliance/dpa/K. Nietfeld

Exatamente dois anos após o desastre com o voo 9525 da Germanwings, subsidiária da Lufthansa, o pai do copiloto contestou nesta sexta-feira (24/03) a versão oficial sobre o desastre, segundo a qual a queda do avião foi provocada deliberadamente pelo filho, Andreas Lubitz.

"Nosso filho não sofria de depressão no momento do desastre", afirmou Günter Lubitz a jornalistas reunidos num hotel em Berlim. Segundo ele, nenhum médico ou terapeuta identificou pensamentos suicidas por parte de Andreas ou qualquer sinal de "comportamento agressivo". A versão oficial afirma que o copiloto queria se suicidar e, por isso, teria jogado o avião deliberadamente contra os Alpes franceses.

A entrevista coletiva foi convocada pelo próprio pai do copiloto com o objetivo de apresentar um relatório que questiona o resultado das investigações. Na companhia do especialista em aviação Tim van Beveren, Lubitz defendeu a ocasião escolhida para o anúncio.

"Não escolhemos a data para ofender os familiares", afirmou, explicando que a intenção era atrair atenção para as incoerências na versão oficial.

Lubitz disse ainda que a dor de sua família não se resume à perda de um filho ou irmão, mas que eles também precisam viver com o fato de que, dois dias após o acidente, Andreas era apresentado como "depressivo crônico" e culpado.

Ele salientou que o filho havia superado a depressão em 2009, e acrescentou que as visitas médicas de 2014 e 2015 foram exclusivamente por problemas de visão.

Numa entrevista ao jornal alemão Die Zeit, Günter já havia dito que o filho "era uma pessoa muito responsável" e não tinha nenhuma razão para planejar e cometer suicídio. "Muito menos para levar outras 149 pessoas inocentes consigo", afirmou ao periódico. "Tal comportamento não combina com a personalidade dele." 

O voo 9525 da Germanwings, subsidiária da Lufthansa, caiu nos Alpes franceses quando realizava o trajeto entre Barcelona e Düsseldorf, resultando na morte das 150 pessoas a bordo.

As investigações sobre as circunstâncias do acidente foram assumidas pela Justiça francesa, enquanto a promotoria de Düsseldorf abriu diligências para tentar estabelecer outras possíveis responsabilidades na tragédia.

De acordo com as conclusões de ambas, o copiloto, então com 27 anos, derrubou deliberadamente a aeronave da Germanwings aproveitando a ausência momentânea do piloto, após bloquear a porta de acesso à cabine.

Investigações revelaram que o copiloto já tinha passado por cerca de 40 consultas médicas devido a diversos transtornos psíquicos e depressões, tinha tendências suicidas e não estava liberado pelos médicos no dia da catástrofe, mas escondeu a situação dos superiores. Uma ação judicial contra a escola de voo de propriedade da Lufthansa que treinou o copiloto está em trâmite.

Segundo autoridades, Andreas acreditava que estava ficando cego e, poucos dias antes do acidente, pesquisou na internet formas de cometer suicídio. Além disso, uma carta de um médico foi encontrada em sua casa declarando o copiloto incapaz de trabalhar.

IP/dpa/ots