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"Panama Papers" indicam que espiões usaram a Mossack Fonseca

12 de abril de 2016

Agentes secretos de vários países, incluindo intermediários da CIA, utilizaram serviços do escritório de advocacia para esconder atividades, afirma jornal alemão. Entre eles estão envolvidos no caso Irã-Contras.

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Foto: picture-alliance/dpa

Agentes secretos de vários países, incluindo intermediários da CIA, supostamente utilizaram os serviços do escritório panamenho de advocacia Mossack Fonseca, um dos maiores fornecedores mundiais de empresas-fantasma e alvo do megavazamento de dados chamado de Panama Papers.

O jornal alemão Süddeutsche Zeitung publicou, nesta terça-feira (12/04), que "agentes secretos e seus informantes fizeram amplo uso de serviços da empresa [Mossack Fonseca]" e abriram empresas de fachada para esconder suas atividades. "Entre eles estão intermediários próximos da CIA", afirmou o diário.

Os Panama Papers também revelaram que "atuais ou ex-funcionários de alto escalão dos serviços secretos de pelo menos três países, Arábia Saudita, Colômbia e Ruanda", estão listados entre os clientes da empresa, segundo o Süddeutsche Zeitung. Entre eles está o xeque Kamal Adham, ex-chefe da inteligência saudita, que morreu em 1999. "Na década de 1970, Adham foi uma dos intermediários-chave da CIA no Oriente Médio", de acordo com a reportagem.

Também na edição desta terça-feira, o Süddeutsche Zeitung afirmou que a vasta cartela de clientes da Mossack Fonseca inclui também "vários participantes" do caso Irã-Contras – escândalo político nos Estados Unidos revelado pela mídia em novembro de 1986, durante o segundo mandato do presidente Ronald Reagan, no qual figuras-chave da CIA facilitaram o tráfico de armas para o Irã, que estava sujeito a um embargo internacional de armas, para assegurar a libertação de reféns e financiar os Contras nicaraguenses, insurgentes de oposição ao governo sandinista no país caribenho.

Entenda por que é difícil acabar com as empresas-fantasma

O jornal com sede em Munique obteve um enorme estoque de 11,5 milhões de documentos da empresa panamenha Mossack Fonseca e o compartilhou com mais de cem grupos midiáticos por meio do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ).

O enorme vazamento de informações, que dominou manchetes em 3 de abril, revelou a forma como os mais ricos e poderosos do mundo têm usado empresas offshore para esconder seus ativos.

O vazamento expôs antigos e atuais chefes de Estado e de governo, como o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, amigos próximos do presidente russo, Vladimir Putin, o ex-primeiro-ministro da Islândia, Sigmundur David Gunnlaugsson, a estrela de cinema e das artes marciais Jackie Chan, as famílias de alguns membros da cúpula comunista da China e o jogador de futebol argentino Lionel Messi.

PV/ap/rtr/afp