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Papa lamenta indiferença perante Deus

(lk)10 de setembro de 2006

Em missa campal celebrada diante de 250 mil fiéis em Munique, Bento 16 afirma que as pessoas sofrem freqüentemente de uma 'surdez' que as impede de ouvir as palavras de Deus.

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O papa durante a missa em MuniqueFoto: AP

O que se diz sobre Deus parece não combinar mais com os nossos tempos, lamentou o papa Bento 16 em seu primeiro sermão durante a viagem de seis dias à Baviera.

"Há uma surdez perante Deus. Já não conseguimos escutá-lo porque temos muitas outras freqüências nos ouvidos", disse o Sumo Pontífice diante dos 250 mil fiéis que compareceram à missa campal celebrada nas cercanias de Munique, neste domingo (10/09).

Entre os participantes, encontravam-se também o presidente da Alemanha, Horst Köhler, a chanceler federal, Angela Merkel, e o governador da Baviera, Edmund Stoiber. Mais de 100 cardeais e bispos de diferentes países celebraram a missa ao lado de Joseph Ratzinger, que foi recebido com entusiásticos gritos de "Benedetto, Benedetto", ao aproximar-se em seu papamóvel.

Críticas ao mundo ocidental

Papst in München, Priester teilen die heilige Kommunion aus
Protegidos por guarda-sóis amarelos, sacerdotes e diáconos distribuem a comunhãoFoto: AP

Em sua racionalidade, o mundo ocidental perdeu a fé em Deus, afirmou o papa. Os povos da África e da Ásia sentiriam admiração pelas conquistas tecnológicas e científicas do Ocidente. "Mas ao mesmo tempo eles se assustam com essa espécie de racionalidade que tira Deus por completo do campo de visão do ser humano."

Não bastaria levar às pessoas apenas conhecimentos, habilidades técnicas, aparelhos. "Na violência as técnicas ocupam então rapidamente um primeiro plano, e a capacidade de destruir, de matar, se torna a capacidade máxima para conseguir o poder, um poder que deve trazer o direito em algum momento, mas não o consegue."

Nesse contexto, Bento 16 criticou indiretamente a Igreja Católica alemã, que se empenha na África e na Ásia mais em projetos sociais do que no trabalho missionário. "A questão social e o Evangelho são simplesmente inseparáveis." E somente com base no Evangelho é que se poderia combater a aids, "a partir de suas causas profundas".

Joseph Ratzinger falou ainda de um cinismo existente na sociedade que faz do escárnio ao sagrado um direito de liberdade e eleva a utilidade que algo tenha para os futuros sucessos da pesquisa à categoria de mais alta norma da ética. "O mundo precisa de Deus. Nós precisamos de Deus", foram as palavras finais do papa em seu sermão.

O programa dos próximos dias

Na segunda-feira, Bento 16 visitará Altötting, o maior centro de peregrinação mariana da Alemanha, e sua cidade natal, Marktl. Na terça-feira, celebrará missa em Regensburg, onde lecionou Teologia há mais de 30 anos. A quarta-feira será reservada para os encontros de Ratzinger com seus familiares.