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Papa pede perdão aos povos indígenas

10 de julho de 2015

Em visita à Bolívia, Francisco se desculpa por crimes cometidos em nome da Igreja Católica à época da colonização do continente, falando em "graves pecados". Bento 16 havia defendido cristianização de nativos.

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Papa Francisco e Evo Morales, presidente da BolíviaFoto: Getty Images/AFP/C. Bouroncle

Num gesto histórico de reconciliação, o papa Francisco pediu nesta quinta-feira (09/07) perdão pelos crimes cometidos em nome da Igreja Católica contra os povos indígenas da América durante a colonização europeia.

"Eu humildemente lhes peço perdão [...] pelos crimes cometidos contra os povos nativos durante a chamada conquista da América", disse o pontífice em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, recebendo aplausos das pessoas presentes.

No discurso – durante um encontro de líderes indígenas e com a presença do primeiro presidente indígena do país, Evo Morales –, Francisco destacou que, no passado, líderes latino-americanos da Igreja Católica já reconheceram que "graves pecados foram cometidos contra os povos nativos da América em nome de Deus".

Os três países visitados pelo papa na atual viagem à América do Sul – Equador, Bolívia e Paraguai – são predominantemente católicos e marcados por um longo histórico de pobreza e desigualdade, afetando sobretudo as populações indígenas.

O papa João Paulo 2º já havia pedido perdão aos indígenas do continente pela "dor e sofrimento" causados durante os 500 anos de presença da Igreja Católica na América, numa visita à República Dominicana, em 1992. Mas Francisco foi além, dizendo pedir desculpas "com arrependimento".

"Também quero que nos lembremos dos milhares de padres que, com o poder da cruz, se opuseram fortemente à lógica da espada. Houve pecado, e muitos. Mas nunca pedimos desculpas, então, agora peço perdão", disse, fugindo do roteiro preparado para o discurso.

A declaração de Francisco foi significativa, considerando a controvérsia gerada na última vez em que um papa visitou o continente. Em 2007, Bento 16 foi alvo de críticas quando defendeu a campanha para cristianizar povos indígenas. O antigo papa disse que os índios da América Latina "ansiavam silenciosamente" por se tornarem cristãos quando os conquistadores espanhóis e portugueses tomaram suas terras.

Após protestos de grupos indígenas, Bento 16 reconheceu que "sombras acompanharam o trabalho de evangelizar" o continente e que os colonizadores causaram sofrimento aos indígenas. No entanto, o pontífice não havia pedido desculpas.

LPF/ap/afp