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Para Seleção Alemã, ganhar a Copa seria milagre

28 de junho de 2002

Equipe busca forças na façanha de 1954, enquanto jogadores do Bayer Leverkusen tentam exorcizar síndrome de eterno vice. Time de Völler está ansioso para final contra Brasil.

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Meteorologia prevê tempo "alemão" sobre o estádio de Yokohama na hora do jogoFoto: AP

O Brasil é favorito, tem jogadores melhores e larga vantagem nas estatísticas (10 vitórias sobre os alemães em 17 jogos). Mesmo assim a Alemanha não desiste de sonhar com o título mundial no próximo domingo. Os alemães foram buscar na conquista de sua primeira Copa do Mundo, conhecido como Milagre de Berna, argumentos e apoio moral para acreditar num possível Milagre de Yokohama.

Assim como este ano, em 1954 a equipe alemã chegou como absoluta zebra à final do mundial na Suíça. Com uma vitória de 3 a 2 sobre a Hungria, acabou erguendo a Taça Jules Rimet. Principal herói da façanha e primeiro grande ídolo do futebol alemão, o capitão Fritz Walter faleceu aos 81 anos no último dia 17, deixando o time de Rudi Völler de luto. Embora ninguém acredite que o espírito de Walter vá baixar em campo, a delegação nutre a esperança de que as coincidências não parem por aí. Nas demais finais que disputou (1966, 1974, 1982, 1986 e 1990), a Alemanha gozava da condição de favorita, ou ao menos de igual nível do adversário.

"Não teremos uma chance assim tão cedo. Por isto temos de tentar vencer", enfatiza o treinador Völler. Apesar de ter disputado duas finais de Copa do Mundo (1986 e 1990), o ex-atacante busca argumentos para motivar seus jogadores a não deixar a oportunidade escapar: "Normalmente, só se chega à decisão de um mundial uma vez na vida. O time deve estar ciente disso no domingo."

Eterno vice

O técnico tem motivos extras para encontrar formas de incentivar seu time. A síndrome de eterno vice do Bayer Leverkusen paira sobre a base da equipe. Quatro titulares (Ballack, Ramelow, Schneider e Neuville) – além do terceiro goleiro da seleção (Butt) – morreram na praia já três vezes na atual temporada. Ficaram em segundo no Campeonato Alemão e perderam as finais da Copa Alemanha e da Liga dos Campeões da Europa.

Quando a equipe alemã desembarcou desacreditada no Japão, sem sequer sonhar em ir além das quartas-de-final, Schneider já brincava quando lhe perguntavam sobre até onde esperava chegar na Copa: "Já fomos três vezes vice este ano. Talvez seja uma garantia de que também seremos vice-campeões mundiais." Agora, ele tenta livrar-se da maldição: "Não agüento mais este assunto. Se isto tudo nos prejudicasse, nós não teríamos ido tão longe no torneio."

Meio-campista escalado como zagueiro, Ramelow clama por justiça: "Quatro vezes vice não dá. Se existe um pouco de justiça, então nossas muitas decepções do passado recente serão recompensadas com o maior triunfo que um jogador de futebol pode conquistar." O cabeça branca do Leverkusen esquece, porém, que o zagueiro brasileiro Lúcio, seu colega de clube, também espera "justiça" no domingo.

Fora da final, suspenso com dois cartões amarelos, Ballack ironiza os efeitos da síndrome. "Talvez seja então um bom sinal o fato de eu não poder entrar em campo", observa o armador. Já o atacante Neuville não quer falar do tema. "Quero conquistar o título de qualquer jeito. Desde que chegamos ao Japão, temos um novo objetivo, muito maior do que aqueles que não atingimos no Leverkusen. Ainda podemos coroar nossa temporada", repete o alemão nascido na Suíça.

Equipe definida

Com a escalação de seu time já definida, como já confessou, Völler revela que o clima na concentração é de ansiedade. "De preferência, o jogo seria já no sábado. Os garotos mal podem esperar", diz ele. Fiel a seu costumeiro sigilo, o técnico não admite antecipar os nomes de quem entrará em campo contra o Brasil, mas não esconde: "A maioria já sabe." Talvez uma dica de que a imprensa está certa ao prever Jeremies como o substituto de Ballack, que suspenso não poderá atuar.

Da declaração também pode-se deduzir que Neuville permanece no ataque, ao lado de Klose, e Bode na meia esquerda. Em todo caso, o treinador não tem nenhum jogador contundido. Klose, que tinha uma contusão nas costas, e Jancker, que pegara um resfriado e tivera febre, retornaram aos treinos.

De olho nos talentosos atacantes brasileiros – cada um deles pode decidir sozinho o jogo –, o treinador também não faz mistério da retranca que está montando. "Não poderemos afrouxar nossa defesa. Temos de jogar com muita ordem e disciplina e criar uma ou outra chance de gol", formula o campeão mundial de 1990. O goleiro Kahn acha que "detalhes, milímetros, décimos decidirão a partida". (mw)