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Parceiros tradicionais do Iraque são europeus

ef23 de dezembro de 2003

Alemanha, França e Rússia cultivam há décadas estreitas relações econômicas com o Iraque. Mesmo excluídas da reconstrução do país pelos EUA, empresas dos três países esperam voltar a fazer negócios com o Iraque em breve.

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Siemens monta rede de telefonia no IraqueFoto: AP

No mínimo US$ 100 bilhões precisam ser investidos na reconstrução do Iraque e o Congresso dos Estados Unidos já aprovou US$ 18,6 bilhões. O embargo decretado pelo Pentágono contra firmas de países que foram contra a guerra e não têm tropas participando da ocupação do Iraque só vale para os projetos financiados diretamente com esse dinheiro. O embargo imposto pelo subsecretário da Defesa, Paul Wolfowitz, não determinou exatamente quem executará as obras e aí estão as esperanças de firmas alemãs, francesas e russas de atuarem como subcontratadas.

Tais esperanças alimentam-se do presumível pragmatismo das empreiteiras dos EUA e aliados, que devem considerar principalmente a tradicional experiência de firmas da Europa no Iraque e as normas européias usadas no país. Antes do embargo, a Agência de Comércio Exterior (BFAI) do governo alemão advertiu que muitos projetos iniciados pelos americanos estão condenados ao fracasso simplesmente porque eles sabem muito pouco sobre o Iraque. A área de telecomunicações, por exemplo, sempre usou a técnica européia, que é incompatível com a americana, como lembra o correspondente da BFAI na região do Golfo, Franz Reichwein. Em muitas outras áreas do Iraque valem normas européias.

Até a queda de Saddam Hussein, e mesmo antes da instalação do seu regime, França, Alemanha e Rússia eram os parceiros econômicos mais importantes do Iraque fora da região do Golfo.

Firmas alemãs em ação

- Em entrevista à Deutsche Welle, Jochen Münker, da Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio, mostrou-se seguro de que as firmas de países que forneceram tecnologia e montaram instalações no Iraque, como a Alemanha, serão procuradas como parceiras para a reconstrução do país. A multinacional alemã Siemens, por exemplo, já constrói a rede de telefonia móvel no norte do Iraque. Outras firmas alemãs também estão atuando na construção de hidrelétricas. Nos anos 80, a Alemanha foi, durante algum tempo, o parceiro econômico mais importante do Iraque.

Os setores alemães de telecomunicação, siderúrgico e de construção de fábricas de cimento tiveram contatos de longos anos com o Iraque. Muitas instalações da área de abastecimento e tratamento de água no país foram fornecidas por firmas alemãs. Por isso, mesmo que só empresas americanas sejam contratadas diretamente para a reconstrução, firmas alemãs que já atuaram lá podem no mínimo participar como subcontratadas para o fornecimento de serviços e de tecnologia compatível com as normas vigentes no Iraque.

Brennende Ölfelder im Südirak
Campo de petróleo em chamas no norte do IraqueFoto: AP

Russos na indústria petroleira -

Empresas russas estavam engajadas principalmente na indústria petroleira do Iraque. Do ponto de vista americano, a Rússia até violou, nos anos 90, o embargo internacional imposto contra o Iraque. Às vésperas de as tropas anglo-americanas iniciarem sua intervenção para derrubar Saddam Hussein, o ministro russo da Energia, Igor Jussofow, falou abertamente que as empresas russas com interesse no Iraque tinham de retornar imediatamente ao país. No ano anterior à guerra, a Rússia fora o maior parceiro comercial dos iraquianos, com acordos de mais de US$ 4 bilhões.

Chirac dizia "meu amigo Saddam"

- Pouco antes da guerra, o presidente da França, Jacques Chirac, teve que reprimir o seu antigo entusiasmo pelo Iraque sob o regime de Saddam Hussein. Chirac chegou a chamar o ditador de "meu amigo" poucos anos depois dele instalar-se no poder em Bagdá. O conglomerado francês Elf Aquitaine obteve os direitos sobre ricos campos de petróleo iraquianos.

O produto mais explosivo da amizade franco-iraquiana foi o reator nuclear Osirak, nas cercanias de Bagdá, que a Força Aérea israelense destruiu num ataque de surpresa em 1981. Israel suspeitava que lá era produzido urânio apropriado para a bomba atômica.