1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Partido de Haider tem sucesso na ação popular contra Temelin

Marion Andrea Strüssmann22 de janeiro de 2002

Mais de 900 mil austríacos assinaram um documento contra o funcionamento da usina nuclear tcheca de Temelin. A idéia foi promovida pelo partido do líder populista de direita, Jörg Haider.

https://p.dw.com/p/1jjh
Usina nuclear de Temelin, localizada na República Tcheca, a 50 quilômetros da fronteira com a Áustria.Foto: AP

A usina fica localizada a 50 quilômetros da fronteira austríaca e está servindo de instrumento para mobilizar a opinião pública e os políticos. A proposta do Partido Liberal da Áustria(FPÖ) de instigar a participação popular na questão da usina atômica de Temelin, tem como objetivo conseguir que a Áustria se posicione contra a entrada da República Tcheca na União Européia, caso o complexo não seja desativado.

Justamente por isso, os radicais de direita comemoraram nesta terça-feira (22) o sucesso da ação popular iniciada no último dia 14. O abaixo-assinado coletou 915.220 assinaturas, muito mais do que o mínimo necessário de 100 mil assinaturas, para que o tema seja levado à votação no Parlamento.

Vontade do povo

A líder do Partido Liberal da Áustria (FPÖ), Susanne Riess-Passer, declarou que a adesão de cerca de 15,5% do eleitorado austríaco denota a vontade do povo de que Temelin volte a ser debatido na esfera política: "É tarefa de todos os partidos fazer com que a usina de Temelin seja desativada. Quem não levar o resultado da ação popular a sério deve se responsabilizar por isso perante seus eleitores e sua consciência."

O chanceler federal da Áustria, Wolfgang Schüssel, admitiu que é preciso levar a sério a opinião dos que assinaram e dos que não assinaram o documento. Sua posição perante o assunto continua sendo a mesma: ele rejeita que o país faça uso do veto contra a entrada da República Tcheca na UE, como forma de pressionar o país vizinho a desativar uma usina atômica.

Há meses a usina tem sido tema de atritos entre Praga e Viena. O complexo atômico foi construído com reatores nucleares russos. Após uma série de panes, Temelin ainda se encontra em fase de testes. A previsão do governo tcheco é de que a usina entre em funcionamento ainda este ano.

Assunto adiado

O Parlamento austríaco provavelmente só tratará do tema no segundo semestre do ano. Outros passos só deverão ser tomados após a eleição na República Tcheca, em junho deste ano. Atualmente o diálogo entre o Partido Liberal e o primeiro-ministro tcheco, Milos Zeman, está definitivamente abalado. Durante uma troca de insultos verbais, Zeman classificou Jörg Haider, líder populista de extrema-direita, de "político nazista". Haider, por sua vez, afirmou que "o sr. Zeman mostrou finalmente a sua cara".

Coalizão não está comprometida

A coalizão de governo da Áustria entre o conservador Partido Popular (ÖVP), do chanceler Wolfgang Schüssel, e os populistas de direita do Partido Liberal (FPÖ), liderados por Haider, não está ameaçada de rompimento, conforme frisaram os dois partidos.

Haider classificou a situação do governo perante o sucesso da ação popular de "nada fácil", mas afirmou que "as duas partes estão bem assessoradas para levar o resultado a sério e procurar uma saída conjunta".

Não é ameaça

O governo tcheco não acredita que o resultado do abaixo-assinado possa realmente ameaçar a entrada do país na UE. Um porta-voz do governo comentou o resultado da coleta de assinaturas dizendo que se trata de uma prova do fracasso do FPÖ e de Haider, já que a adesão de 15,5% do eleitorado é bem inferior à cota de 27% dos votos angariados pelo Partido Liberal nas eleições de 1999.

Ação de expressão

A participação de mais de 900 mil cidadãos austríacos em um documento que forçará o debate de um tema no Parlamento é a terceira maior na história do país. Apenas duas outras ações populares mobilizaram mais pessoas que a de Temelin. Tanto o abaixo-assinado contra a construção de um centro de conferências em Viena, quanto o que rejeitou a engenharia genética reuniram mais de um milhão de assinaturas.