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Passa de 500 o número de mortos em desabamento em Bangladesh

3 de maio de 2013

Equipes de resgate não descartam que número de vítimas aumente no acidente, que já é considerado o maior da história da indústria do país. Polícia prende engenheiro que vistoriou prédio na véspera do desastre.

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Foto: imago/Xinhua

O número de mortos no desabamento do edifício Rana Plaza, em Bangladesh, subiu para 501 nesta sexta-feira (03/05), depois que as equipes de resgate encontraram mais 55 corpos nos escombros. O acidente já é considerado o maior da história da indústria do país.

O prédio de oito andares abrigava cinco fábricas da indústria têxtil, e acredita-se que mais de 3 mil funcionários estivessem trabalhando no momento do colapso, no último dia 24 de abril. Dezenas de trabalhadores ainda são dados como desaparecidos, e as autoridades não descartam um aumento significativo no número de vítimas.

"Estamos agindo de forma cautelosa ainda para que possamos retirar os corpos de forma intacta", disse o major-general Chowdhury Hassan Suhwardy, à frente da força-tarefa militar que supervisiona os trabalhos de resgate.

O aumento no número de vítimas é anunciado um dia depois da detenção do engenheiro Abdur Razzaque Khan, numa guinada nas investigações sobre o caso. Khan foi inicialmente tratado como herói pela imprensa local por ter, um dia antes do desastre, vistoriado o prédio e supostamente alertado para o risco de desabamento.

O engenheiro diz que seu aviso foi ignorado pelos responsáveis pelas fábricas. Na quinta-feira passada, no entanto, o proprietário do prédio, Sohel Rana, alegou que Khan considerou que as rachaduras verificadas não apresentavam risco e que, por isso, o edifício poderia ser usado normalmente.

Além dos dois, outras seis pessoas já foram detidas dentro das investigações sobre o acidente, incluindo quatro responsáveis pelas fábricas que operavam no prédio.

Condições precárias

O acidente voltou a chamar a atenção para as precárias condições de segurança e de trabalho da indústria de vestuário do país – a segunda maior do mundo, depois da China, e responsável por 17% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

Estima-se que nos últimos três anos mais de 500 trabalhadores morreram em acidentes em fábricas da indústria do setor em Bangladesh. Um trabalhador têxtil típico do país ganha menos de 40 dólares por mês. A maioria trabalha cerca de 10 horas por dia, seis dias por semana.

Tausende Arbeiter in Dhaka fordern Hinrichtung von Fabrikbesitzern
Trabalhadores protestam no Primeiro de MaioFoto: AFP/Getty Images

Bangladesh exporta anualmente cerca de 15,6 bilhões dólares em em peças de vestuário. Do total, 60% são destinados à Europa, enquanto os Estados Unidos importam 23%, e o Canadá, 5%, de acordo com dados do Ministério para Indústria e Comércio do país.

No 1º de Maio, milhares de trabalhadores saíram às ruas para exigir melhores condições de trabalho e pedir pena de morte para os proprietários das fábricas de confecção do prédio que desabou.

CMN/ rtr/ ap/ afp