1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Passagem única para uma volta ao mundo

Fernando Caulyt
22 de março de 2018

As três alianças globais de empresas aéreas oferecem o chamado bilhete "Round The World", que facilita a vida do passageiro que quer rodar o planeta. Mas vale a pena?

https://p.dw.com/p/2uTdB
Symbolbild Blick aus Flugzeugfenster auf Himmel und Wolken
Foto: picture-alliance/dpa/M. Scholz

O jornalista mineiro Rafael Sette Câmara pesquisava, na verdade, uma passagem para a Índia, onde faria intercâmbio. Foi quando percebeu que uma viagem de volta ao mundo poderia valer a pena. Pagou então R$ 8 mil – o bilhete para a Índia custava R$ 5 mil – e, entre 2011 e 2012, passou 11 meses rodando com amigos pelo mundo. E com apenas um único bilhete.

Os chamados bilhetes RTW (Round The World) já existem há anos e são oferecidos pelas três alianças globais de companhias aéreas, mas muita gente não conhece. Com um RTW, Rafael e seus amigos, por exemplo, conheceram Espanha, Itália, França, Inglaterra, Índia – onde ficaram seis meses –, Nepal, China, Tailândia, Cingapura, Nova Zelândia, Chile e Peru, de onde voltaram ao Brasil.

“Dei uma volta ao mundo por 11 meses gastando cerca de 25 mil reais no total. Claro que foi uma viagem de mochileiro e, assim, econômica. Mas passamos também por alguns países com custo de vida alto”, conta o autor do blog “360meridianos”, criado após a viagem.

Algumas regras

As passagens de volta ao mundo são oferecidas por OneWorld, SkyTeam e Star Alliance. Com os chamados tíquetes RTW, é possível reunir em uma única compra todos os trechos aéreos da viagem fazendo paradas em cidades de todos os cinco continentes, usando as empresas que fazem parte da mesma aliança.

Há algumas regras gerais, porém: a viagem deve começar e terminar no mesmo país, durar entre dez e 365 dias, contemplar ao menos três continentes e ser no mesmo sentido no caso de viagens intercontinentais. Porém, no mesmo continente, é possível fazer um zigue-zague. E, se não houver voo direto, a conexão corresponde a dois trechos; e os oceanos Atlântico e Pacífico podem ser atravessados apenas uma vez.

A Star Alliance, por exemplo, junta 28 companhias – entre elas, Avianca Brasil, as aéreas do Grupo Lufthansa, United e TAP – que voam para mais de 1.300 destinos em 191 países do mundo, fazendo dela a maior aliança de aviação global.

As tarifas de volta ao mundo em classe econômica incluem até 26 mil, 29 mil, 34 mil ou 39 mil milhas; sendo possíveis de duas a 15 escalas. Em nível de perspectiva, a circunferência da Terra medida no Equador é de aproximadamente 24 mil milhas.

Já a SkyTeam tem 20 empresas aéreas associadas, como Air France/KLM, Delta, Aerolíneas Argentinas, Korean Air, Kenya Airlines, China Airlines e Vietnam Airlines. As companhias cobrem 1.074 destinos em 177 países. O passageiro pode fazer o mínimo de duas escalas, e o máximo de cinco ou 15, dependendo da milhagem voada (até 26 mil, 29 mil, 33 mil e 38 mil milhas). A aliança está dando 15% de desconto para as compras dos roteiros até o final de março.

A OneWorld tem 13 companhias aéreas associadas, entre elas o Grupo Latam, American Airlines, British Airways, Iberia, Finnair, Japan Airlines, Qantas e Qatar Airways que atendem 1.012 destinos em 158 países. Ela oferece duas opções de tarifa: uma baseada no número de continentes percorridos, e outra baseada na distância percorrida da viagem (até 26 mil, 29 mil, 34 mil e 39 mil milhas). 

Custo-benefício

Os bilhetes de volta ao mundo são até 50% mais caros que os tíquetes avulsos, mas os passageiros ganham algumas vantagens, como acumular milhas ao longo da viagem em apenas uma aliança de companhias aéreas, viajar usando empresas com qualidade reconhecida e ter suporte em caso de problemas. E, dependendo do bilhete RTW, os clientes podem fazer alterações da data de forma gratuita. Já para mudar itinerários, paga-se geralmente pelas alterações.

“Com a alta do dólar, as passagens de volta ao mundo ficaram mais caras, mas acredito que ainda valem a pena“, conta Rafael Câmara. “Só que, para ter um melhor custo-benefício, é preciso saber como funcionam os sites das alianças aéreas. Existem alguns ‘macetes’ como tentar evitar conexões para deixar a viagem mais barata”, completa o jornalista.

Uma dica é, por exemplo, escolher a aliança aérea com empresas que sejam dos países por onde o passageiro quer visitar, para evitar voos com conexão. 

Por outro lado, as passagens RTW se limitam aos destinos servidos pelas aéreas que são membros da aliança escolhida, o que pode não incluir lugares que o cliente gostaria de conhecer. Para resolver essa questão, o passageiro pode comprar, por exemplo, um bilhete RTW com apenas os voos intercontinentais (como São Paulo – Londres – Cingapura – Sydney – Los Angeles – São Paulo) e fazer os trajetos dentro dos continentes usando companhias low-cost ou outro tipo de transporte.

“É possível dar a volta o mundo com menos dinheiro, desde que você consiga promoções. Mas, do ponto de vista da organização da viagem, é muito mais prático um tíquete RTW, pois em apenas uma compra se garante a viagem inteira e pode-se completá-la em até um ano”, opina Rafael. “Por outro lado, ela não é a passagem ideal para quem quer ter mais flexibilidade. Para que o custo-benefício seja bom, deve-se testar várias rotas – e nem sempre o viável financeiramente é o que o passageiro mais gostaria de fazer.”

Para analisar a diferença de preços entre tíquetes de volta ao mundo das alianças aéreas globais e a compra dos trechos avulsos, a DW Brasil fez a simulação de três roteiros diferentes voando em classe econômica.

Roteiro 1: São Paulo – Paris – Hong Kong – Nova York – São Paulo

Datas pesquisadas para cada trecho: 03 de maio, 20 de maio, 05 de junho e 20 de junho.

– Star Alliance: 12.187,77 reais

– SkyTeam: 12.661 reais (comprando até final de março) / 14.789 reais (a partir de abril)

– One World: 14.247,09 reais

– Voos avulsos no site Kayak: 6.098 reais

Roteiro 2: São Paulo – Madri – Moscou – Tóquio – Sydney – Los Angeles – São Paulo

Datas pesquisadas para cada trecho: 03 de maio, 25 de maio, 10 de junho, 25 de junho, 03 de julho e 17 de julho.

– SkyTeam: 15.448 reais (comprando até o final de março) / 18.086 reais (a partir de abril)      

– One World: 16.286,57 reais

– Star Alliance: 16.677,83 reais

– Voos avulsos no site Kayak: 11.842 reais

Roteiro 3: São Paulo – Miami – Chicago – Nova York – Tóquio – Pequim – Sydney – Moscou – Frankfurt – São Paulo

Datas pesquisadas para cada trecho: 03 de maio, 15 de maio, 25 de maio, 05 de junho, 20 de junho, 10 de julho, 25 de julho, 10 de agosto e 25 de agosto.

– SkyTeam: 18.091,31 reais (comprando até final de março) / 21.077,44 reais (a partir de abril)  

– One World: 18.225,76 reais

– Star Alliance: 20.482,29 reais

– Voos avulsos no site Kayak: 12.750 reais

----------------

A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App