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Patinadora russa usa Holocausto como tema de apresentação

28 de novembro de 2016

Ex-campeã olímpica e esposa do porta-voz de Putin é alvo de críticas na imprensa e nas redes sociais. Em performance na TV, ela e parceiro de dança aparecem trajados como prisioneiros de campos de concentração nazistas.

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Tatiana Navka, esposa do porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov
Tatiana Navka, esposa do porta-voz do Kremlin, Dmitri PeskovFoto: picture-alliance/dpa/E. Novozhenina

A esposa do porta-voz do presidente russo, Vladimir Putin, foi alvo de uma enxurrada de críticas após realizar um espetáculo de patinação artística no gelo com uniformes listrados baseados nos utilizados pelos prisioneiros dos campos de concentração nazistas.

Tatiana Navka, ex-campeã olímpica de patinação artística casada com Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, participou no último sábado (26/11) de um programa de televisão em que celebridades realizam apresentações de patinação no gelo.

Ela e o parceiro de dança Andrei Burkovsky vestiam trajes com listras pretas e brancas, números e estrelas amarelas durante a apresentação, que terminou ao som de tiros. A performance foi inspirada no filme italiano A vida é bela, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 1997. A obra conta a história de um pai que tenta esconder de seu filho os horrores de um campo de concentração.

A apresentação num canal de televisão estatal rendeu à dupla de patinadores a pontuação máxima e elogios dos juízes. Em seu perfil no Instagram, Navka afirmou que a atuação foi uma de suas favoritas e que "nossas crianças devem conhecer e lembrar essa época terrível". No domingo, Navka e Burkovsky afirmaram à imprensa que a apresentação era uma forma de prestar homenagem às vítimas do Holocausto.

A imprensa internacional e usuários de redes sociais não pouparam críticas à performance. O jornal britânico Daily Mail afirmou que os "sorrisos radiantes" dos patinadores pareciam ter quase nenhuma conexão com o "terrível tema" da apresentação. A revista americana People qualificou o espetáculo como "perturbador".

Em Israel, a apresentação gerou revolta. "Os temas do Holocausto não são para festas, para dança, e também não para "reality TV'", afirmou o ministro israelense da Cultura, Miri Regev. "Um campo de concentração não é um acampamento de verão."

Alla Gerber, diretora do Fundo para o Holocausto, com sede em Moscou, afirmou que retratar o Holocausto da maneira adequada é algo "bastante complexo". "Em primeiro lugar, acho que não deve haver zombaria ou ironia, tampouco sorrisos distorcidos."

A apresentação foi coreografada pela patinadora Ilya Averbukth, de origem judaica. Ela defendeu a escolha do tema afirmando que as reações negativas na imprensa e nas redes sociais são um "sinal da loucura dos dias de hoje".

Navka já era celebridade e estrela de televisão na Rússia antes de se casar com Peskov no ano passado. O casamento os tornou um dos casais mais célebres do país.

RC/afp/ap