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Bienal de Veneza

3 de junho de 2011

Pavilhão alemão na Bienal de Veneza é dedicado à obra do diretor Christoph Schlingensief, que havia sido convidado para projetar o espaço, mas não pôde concluir o trabalho.

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"Uma igreja do medo...Foto: dpa/picture-alliance

Em agosto de 2010, o diretor de teatro, ator e cineasta Christoph Schlingensief morreu em Berlim, em consequência de um câncer. Poucos meses antes, a curadora do pavilhão e diretora do Museu de Arte Moderna em Frankfurt, Susanne Gaensheimer, havia pedido a ele para projetar o pavilhão alemão na Bienal de Veneza 2011, um convite, que, segundo ela, empolgou Schlingensief.

No entanto, o que o público verá no pavilhão alemão a partir deste sábado (04/06) não é o que Schlingensief tinha imaginado. Seus planos e ideias ainda não haviam sido "trabalhados nos mínimos detalhes", mas farão, de qualquer forma, parte de um livro que será publicado sobre a Bienal 2011.

O pavilhão apresenta uma amostra da obra de Schlingensief. Não se trata de uma exibição completa, pois o espaço seria pequeno demais para reunir de forma representativa tudo o que ele produziu como diretor de filmes, teatro e ópera, além de dramaturgo de rádio, artista performático e apresentador de talk shows.

No salão principal do pavilhão será exibida a instalação Uma igreja do medo do estranho dentro de mim (Eine Kirche der Angst vor dem Fremden in mir), em que Schlingensief aborda a sua luta contra o câncer, a morte e a vida.

Berliner Festspiele Eine Kirche der Angst vor dem Fremden in mir Flash-Galerie
... do estranho dentro de mim" - instalação no salão central do pavilhão alemãoFoto: David Baltzer/bildbuehne.de


DW-WORLD.DE: Por que você queria que Schlingensief projetasse o pavilhão alemão da Bienal 2011?

Susanne Gaensheimer: Eu cheguei à conclusão de que, quando nos ocupamos com a questão de o que fazer com o pavilhão alemão, não conseguimos fugir do tema da representação nacional. Simplesmente não podemos evitar a pergunta "o que isso significa, afinal? O que podemos fazer com isso?" Afinal de contas este é o pavilhão alemão, não é uma exposição qualquer. Eu refleti por muito tempo se devia fazer como meu antecessor Nicolaus Schafhausen, ou seja, deixar essa questão de lado e escolher qualquer artista que não fosse necessariamente representativo do que se passa na Alemanha, mas no fim acabei tomando conscientemente o caminho contrário.

Eu queria escolher um artista que tivesse se ocupado intensamente com essa questão em seu trabalho, e que fosse representativo do que se passa na cena artística alemã, inclusive de forma crítica. Até falecer, no ano passado, durante quase 30 anos Christoph Schlingensief se ocupou dessa temática, primeiro como produtor de filmes, depois no teatro, mais tarde também no âmbito da arte, mas principalmente também como ativista político.

Quais são as perguntas para as quais o pavilhão alemão trará respostas?

Não haverá resposta para nenhuma pergunta, essa é uma abordagem totalmente errônea.

Então ao contrário: que perguntas serão feitas?

Também não serão feitas perguntas, Christoph Schlingensief se ocupou, nas últimas três décadas, de vários temas e questões sociais relevantes para a Alemanha e que estavam relacionados com diversas situações do país. Foram situações políticas e sociais nas quais ele sempre colocou a pergunta: qual o impacto disso para o indivíduo, para cada pessoa aqui na Alemanha?

Por que você decidiu, mesmo depois da morte de Schlingensief, expor sua obra – mesmo que vocês não pudessem mais projetar o espaço juntos e o resultado seja diferente do que ele tinha concebido?

Susanne Gaensheimer Kuratorin des Deutschen Pavillons auf der Biennale und Direktorin des Museum für Moderne Kunst in Frankfurt am Main
Susanne GaensheimerFoto: picture-alliance/dpa

Eu optei com muita convicção pelo nome de Christoph Schlingensief como artista para o pavilhão alemão. E eu optei não por ele, mas por sua obra. Não havia nenhum motivo para não exibir o trabalho dele depois de sua morte. Além disso, esta é uma ocasião importante, no contexto da Bienal, para apresentar a obra de Schlingensief ao público internacional. Especialmente no campo das belas artes ele não é tão conhecido internacionalmente.

A mostra será uma homenagem a Christoph Schlingensief, ou você lançará um olhar crítico sobre sua obra?

Nós mostraremos obras dele e, se as pessoas quiserem chamar isso de homenagem, podem chamar. É claro que tentamos ser justos para com ele e seu trabalho. Para mim era importante tornar presentes diferentes aspectos de seu trabalho, como nos filmes, no palco e naturalmente no projeto Afrikadorf. O envolvimento com sua doença também tem um papel importante. Não faz ainda um ano que ele morreu, e essa situação ainda afeta muito a nós todos.

Regisseur Christoph Schlingensief
Schlingensief em 2006Foto: AP

Que impressão uma pessoa que nunca tenha tido contato com o trabalho de Christoph Schlingensief terá ao visitar o pavilhão alemão?

Isso naturalmente não é algo que se possa generalizar. Para cada visitante será uma experiência diferente, dependendo de quão intenso é o contato e o olhar sobre a obra. Mas o público vai perceber Christoph Schlingensief como um artista muito sério. Alguém que se envolveu com perguntas profundas, que em última análise são questões existenciais. E isso ficará muito claro.

Entrevista: Marlis Schaum (ff)
Revisão: Alexandre Schossler